quarta-feira, 28 de maio de 2025

Nostalgia 2025 - Instalando o MS-DOS no Proxmox!

 Pessoal,


Em 2018 comecei a primeira versão da série "Nostalgia", quando instalei o MS-DOS no VMWare (veja aqui o post). Em 2023, veio a segunda versão da série (aqui), quando usei o VirtualBox para criar as VM.

Na época, e ainda hoje, um problema sério era a falta de suporte para arquivos .img. no Proxmox (na verdade falta de suporte a imagens de disquete). Isso complica tudo!

Só que achei algo interessante: uma imagem .iso do MS-DOS 6.22! Acho que desta vez vai dar certo colocar tudo no Promox!

Mas antes de ligar a máquina virtual, vamos mergulhar fundo na história do Disk Operating System (DOS): como ele surgiu, por que dominou os anos 80 e 90, como evoluiu junto com o hardware, e como serviu de alicerce para o Windows 95. Vamos comparar o MS-DOS com seus predecessores (CP/M, Apple DOS, TRSDOS) e rivais (DR-DOS, ROM-DOS, PTS-DOS, FreeDOS), além de explorar o papel do DOSBox na preservação dessa era. No final, vou instalar o MS-DOS no Proxmox de duas formas diferentes. Prepare-se para um texto cheio de detalhes históricos, técnicos e memórias dos disquetes de 5.25 polegadas e do prompt C:\>!

Antes do DOS: O Caos da Computação Pessoal

Nos anos 1970, a computação pessoal era tudo mato um terreno selvagem, onde entusiastas e empresas lutavam para transformar microcomputadores em ferramentas acessíveis. Não havia um padrão universal: cada fabricante criava seu próprio sistema operacional, incompatível com os outros, resultando em um mercado fragmentado. Para entender o impacto do MS-DOS, precisamos conhecer os principais sistemas da época: CP/M, Apple DOS, TRSDOS, e outros.

CP/M: O Pioneiro dos 8 Bits

Lançado em 1974 por Gary Kildall, da Digital Research, o CP/M (Control Program for Microcomputers) foi o primeiro sistema operacional amplamente adotado para microcomputadores, rodando em processadores Intel 8080 e Zilog Z80. Sua arquitetura modular era composta por:

  • BIOS (Basic Input/Output System): Interface com o hardware (ex.: teclado, disquetes).
  • BDOS (Basic Disk Operating System): Gerenciava arquivos e discos.
  • CCP (Console Command Processor): Interpretava comandos do usuário, como DIR (listar arquivos) e PIP (copiar arquivos).
Olá, eu sou o CP/M-86!

Por que era poderoso? O CP/M era robusto para a época, suportando disquetes de 8 polegadas (capacidade de 90 a 243KB) e até 64KB de RAM, suficientes para rodar programas como WordStar (editor de texto), dBase (banco de dados) e SuperCalc (planilhas). Ele foi adotado por máquinas como o IMSAI 8080, Osborne 1 e Kaypro II, tornando-se o padrão para negócios e desenvolvedores.

Por que era flexível? Sua modularidade permitia adaptar o CP/M a diferentes hardwares com mudanças mínimas no BIOS, sendo fácil portá-lo entre máquinas de vários fabricantes. Isso era um avanço em relação a sistemas proprietários, que exigiam reescrita completa para cada hardware.

Limitações: O CP/M estava preso à arquitetura 8-bits, limitando-o a 64KB de RAM e sem suporte a discos rígidos. Seu sistema de arquivos (FAT8) era ineficiente para grandes capacidades, e a Digital Research cobrava royalties altos (cerca de US$ 240 por licença em 1980, ou US$ 858,24 em 2025, ajustado pelo CPI). Além disso, a falta de suporte gráfico e sonoro limitava seu apelo para jogos domésticos.

É até difícil achar alguma coisa sobre o FAT8. Veja essa discussão aqui, para terem uma ideia. Antes do MS-DOS, o FAT8 gerenciava disquetes de 64KB com apenas 8 bits por entrada, um feito de engenhosidade em Assembly!

Só para não esquecer: o computador queridinho deste blog (o MSX 😍), tinha sua própria versão de DOS (o MSX-DOS), feita entre a ASCII Corporation e a Microsoft, era derivado e compatível com o CP/M-80. Mas aqui, ao contrário do CP/M, usava-se FAT12 (MSX-DOS 1) e, posteriormente suporte a FAT13 (MSX-DOS 2)

Até sairam versões 16-bits para o CP/M (a versão CP/M-86), mas acordos entre a Microsoft e IBM (para que esta distribuísse o MS-DOS) e o alto custo do CP/M, resultaram na progressiva queda de significância do CP/M.

Apple DOS: O Favorito das Casas e Escolas


Lançado em 1978 para o Apple II, o Apple DOS foi projetado por Steve Wozniak e Randy Wigginton para atender usuários domésticos e educacionais [8]. Ele rodava no processador MOS 6502 (8 bits, 1 MHz) e usava disquetes de 5.25 polegadas (140KB).

Por que era poderoso? O Apple DOS aproveitava os recursos gráficos e sonoros do Apple II, que oferecia 16 cores e som mono, permitindo jogos como Choplifter e Lode Runner. Comandos como CATALOG (equivalente a DIR) e LOAD eram intuitivos, e o sistema era otimizado para o hardware do Apple II, garantindo desempenho estável. Essa é uma característica da Apple até os dias de hoje: hardware bom (mas não o melhor) rodando um SO incrivelmente otimizado para o hardware, tornando a experiência do utilizador a melhor possível!

Por que era flexível? Sua integração com o BASIC do Apple II permitia aos usuários criar programas simples, e o sistema era incluído gratuitamente (lembrem-se que não existe almoço grátis!!) com o Apple II, tornando-o acessível (o Apple II custava cerca de US$ 1.298 em 1978, ou US$ 6.050,13 em 2025). Ele suportava disquetes de 140KB, suficientes para a maioria dos aplicativos domésticos.

Limitações: O Apple DOS era exclusivo para máquinas Apple, com um sistema de arquivos proprietário que dificultava a troca de dados com outras plataformas. Não suportava discos rígidos até o ProDOS (1983), e sua dependência do hardware Apple limitava sua adoção em comparação com o CP/M.

TRSDOS e Outros Sistemas


O TRSDOS (Tandy Radio Shack Disk Operating System), lançado em 1978 para o TRS-80, era outro concorrente, projetado para o processador Z80 do TRS-80 Model I. Ele era simples, com comandos como DIR e COPY, mas voltado para o hardware da Tandy, com disquetes de 90KB. Sua principal vantagem era o preço acessível do TRS-80 (US$ 599 em 1978, ou US$ 2.794,05 em 2025), mas sua inflexibilidade (sistema proprietário, sem portabilidade) o restringia ao nicho da Radio Shack.

Outros sistemas incluíam o Commodore BASIC (para o PET, 1977) e o Atari DOS (para o Atari 400/800, 1979), cada um preso ao hardware do fabricante, com sistemas de arquivos incompatíveis e suporte limitado a softwares. Essa fragmentação criava um pesadelo para desenvolvedores, que precisavam reescrever programas para cada plataforma, preparando o terreno para o MS-DOS.

Como o DOS Surgiu: A Revolução da Microsoft

No final dos anos 1970, a IBM, líder em mainframes, decidiu entrar no mercado de computadores pessoais com o IBM PC 5150, planejado para lançamento em agosto de 1981.


A empresa precisava de um sistema operacional simples, confiável e compatível com o processador Intel 8088, um chip de 16 bits com barramento externo de 8 bits, capaz de endereçar até 1MB de RAM. A IBM inicialmente abordou a Digital Research, criadora do CP/M, para fornecer o sistema operacional. As negociações falharam por motivos variados: a Digital Research exigia royalties altos (cerca de US$ 240 por licença, ou US$ 858,24 em 2025), e Gary Kildall, seu fundador, hesitou em assinar o contrato de não divulgação da IBM. Há rumores de que Kildall estava voando em seu avião particular durante a visita da IBM, mas documentos publicados em dois livros (aqui e aqui) sugerem que a decisão foi mais financeira e estratégica.

Enquanto isso, a Microsoft, uma empresa pequena conhecida por vender interpretadores BASIC, viu uma oportunidade histórica. Em 1980, a Seattle Computer Products (SCP) havia desenvolvido o 86-DOS (ou QDOS, “Quick and Dirty Operating System”), um sistema inspirado no CP/M, mas projetado para processadores Intel 8086/8088. Criado por Tim Paterson, o 86-DOS emulava comandos do CP/M (como DIR e PIP) para facilitar a transição de desenvolvedores, mas aproveitava a arquitetura de 16 bits do 8088, suportando até 1MB de RAM e disquetes de 160KB [13]. A Microsoft, liderada por Bill Gates e Paul Allen, comprou os direitos do 86-DOS por US$ 50.000 em julho de 1981 (equivalente a US$ 175.907,04 em 2025, ajustado pelo CPI) sem informar à SCP que o sistema seria usado no IBM PC.

A Microsoft refinou o 86-DOS, renomeando-o como MS-DOS, e licenciou-o para a IBM como PC-DOS. Quando o IBM PC foi lançado em 1981, o PC-DOS 1.0 (idêntico ao MS-DOS 1.0) era o sistema operacional principal, vendido por US$ 40 (US$ 140,72 em 2025). A genialidade da Microsoft foi reter o direito de vender o MS-DOS para outros fabricantes, permitindo que clones do IBM PC (como Compaq, Dell e HP) adotassem o sistema, criando um padrão universal. O MS-DOS era voltado para empresas (para planilhas e bancos de dados), desenvolvedores (para criar softwares) e entusiastas (para jogos e programação). Sua simplicidade – um sistema de linha de comando que cabia em um disquete de 160KB – e a associação com a IBM tornaram-no um sucesso instantâneo.

Vantagens do MS-DOS Sobre os Predecessores

O MS-DOS superou o CP/M, Apple DOS e TRSDOS por várias razões, explicando sua maior flexibilidade e poder:

  • Flexibilidade:
    • Arquitetura de 16 bits: O MS-DOS usava o Intel 8088, que endereçava 1MB de RAM, contra os 64KB do CP/M (Z80) e Apple DOS (6502). Isso permitia rodar programas mais complexos, como Lotus 1-2-3, que exigia até 192KB.
    • Sistema de arquivos FAT12: Mais versátil que o FAT8 do CP/M, o FAT12 suportava disquetes de 160 a 360KB e, posteriormente, discos rígidos, enquanto o Apple DOS usava um sistema proprietário incompatível com outras plataformas (leia mais sobre sobre FAT e Sistemas de Arquivo).
    • Licenciamento acessível: A Microsoft licenciava o MS-DOS por cerca de US$ 2 a US$ 10 por cópia (US$ 7,04 a US$ 35,18 em 2025) para fabricantes de clones, contra os US$ 240 do CP/M. Isso tornou o MS-DOS o padrão em PCs baratos.
  • Poder:
    • Ecossistema de software: O sucesso do IBM PC atraiu desenvolvedores, que criaram programas como WordPerfect, dBase II e jogos como Flight Simulator. Em 1983, havia mais de 1.000 programas para MS-DOS, contra cerca de 500 para CP/M.
    • Suporte a hardware variado: O MS-DOS rodava em qualquer IBM PC ou clone, enquanto o Apple DOS era restrito ao Apple II, e o TRSDOS ao TRS-80. Isso ampliou seu alcance em empresas e lares.
    • Acesso direto ao hardware: Desenvolvedores podiam acessar diretamente a memória e os gráficos, permitindo jogos como King’s Quest (1984), algo que o CP/M não suportava bem devido à falta de gráficos avançados.
  • Credibilidade da IBM: A reputação da IBM, uma gigante confiável, deu ao MS-DOS uma vantagem sobre o CP/M (de uma empresa menor) e o Apple DOS (visto como “caseiro”).

A Evolução do MS-DOS: Um Casamento Perfeito com o Hardware

O MS-DOS evoluiu de 1981 a 1994, acompanhando os avanços em processadores, memória, armazenamento e periféricos. Cada versão foi projetada para aproveitar novos recursos, mantendo compatibilidade com softwares e hardware antigos. Vamos detalhar as versões principais e sua sincronia com o hardware:

  1. MS-DOS 1.0 (1981):

    • Hardware: IBM PC 5150 com Intel 8088 (4.77 MHz), 16-64KB de RAM, disquetes de 5.25 polegadas (160KB, face simples), monitores CGA (4 cores) ou monocromáticos.
    • Recursos: Suporte a disquetes de 160KB, comandos básicos (DIR, COPY, DEL, FORMAT), e sistema de arquivos FAT12. Sem suporte a discos rígidos ou diretórios.
    • Casamento com o hardware: O MS-DOS 1.0 era minimalista, ocupando menos de 12KB de RAM, ideal para os 16-64KB do IBM PC. O Intel 8088, com barramento de 8 bits, era perfeito para disquetes pequenos, e o suporte a CGA permitia gráficos rudimentares, como em Microsoft Adventure. A ausência de discos rígidos refletia o mercado de 1981, onde eles eram raros e caros (um HD de 5MB custava US$ 3.000, ou US$ 10.554,42 em 2025).

  1. MS-DOS 2.0 (1983):

    • Hardware: IBM PC/XT com Intel 8088 (4.77 MHz), até 256KB de RAM, disquetes de 360KB (face dupla), discos rígidos de 10MB, e placas de vídeo Hercules (monocromáticas de alta resolução).
    • Recursos: Suporte a discos rígidos (até 10MB), hierarquia de diretórios (MKDIR, RMDIR, PATH), e comandos inspirados no Unix, como TREE.
    • Casamento com o hardware: A chegada dos discos rígidos no PC/XT exigiu um FAT12 mais robusto, que suportava até 10MB. A hierarquia de diretórios facilitou a organização em HDs, e o aumento de RAM permitiu programas como Lotus 1-2-3 (192KB), que se tornou o aplicativo mais vendido de 1983. O suporte a Hercules permitiu gráficos monocromáticos de alta resolução, usados em softwares CAD.
  2. MS-DOS 3.0–3.3 (1984–1987):

    • Hardware: IBM PC/AT com Intel 80286 (6-8 MHz), até 1MB de RAM, disquetes de 1.2MB (alta densidade), discos rígidos de 20-40MB, placas EGA (16 cores), e primeiros mouses.
    • Recursos: Suporte a disquetes de 1.2MB, partições de até 32MB, internacionalização (teclados e idiomas), e comandos como FDISK aprimorado e SHARE (para redes).
    • Casamento com o hardware: O 80286 introduziu o modo protegido, mas o MS-DOS permaneceu em modo real (16 bits) para compatibilidade. O aumento de RAM e HDs exigiu melhorias no FAT12, e o suporte a EGA permitiu jogos como King’s Quest (1984) com gráficos coloridos. O MS-DOS 3.3, lançado em 1987, tornou-se o padrão para PCs corporativos, suportando os primeiros drivers de mouse e redes locais.
  3. MS-DOS 4.0–4.01 (1988):

    • Hardware: PCs com Intel 80386 (16-33 MHz), memória expandida/extendida (até 16MB), discos rígidos de 100MB+, placas VGA (256 cores), e primeiros drives de CD-ROM.
    • Recursos: Suporte a partições de até 2GB (FAT16), interface gráfica básica (MS-DOS Shell), e gerenciador de memória EMM386.
    • Casamento com o hardware: O 80386 trouxe memória extendida (acima de 1MB), e o MS-DOS 4.0 introduziu ferramentas para acessá-la, essenciais para programas como AutoCAD. O suporte a VGA permitiu jogos como Prince of Persia (1989) com gráficos detalhados. O MS-DOS 4.0 teve bugs (especialmente no gerenciamento de memória), levando ao rápido lançamento do 4.01.
  4. MS-DOS 5.0 (1991):

    • Hardware: PCs 386/486 com 4-16MB de RAM, discos rígidos de 200MB+, drives de CD-ROM, placas de som Sound Blaster, e monitores VGA/SVGA.
    • Recursos: Editor de texto EDIT, gerenciador de memória HIMEM.SYS, suporte a drivers de CD-ROM e mouse, e comando UNDELETE.
    • Casamento com o hardware: O aumento de RAM e a popularidade dos 486 exigiram melhor gerenciamento de memória. O HIMEM.SYS acessava memória extendida, enquanto o EMM386 liberava os 640KB convencionais para jogos como Doom (1993). O suporte a CD-ROMs refletiu a adoção de mídias ópticas (um CD de 650MB custava US$ 10, ou US$ 22,31 em 2025).
  5. MS-DOS 6.0–6.22 (1993–1994):

    • Hardware: PCs 486/Pentium (33-100 MHz), 8-32MB de RAM, discos rígidos de 500MB-1GB, placas de som Gravis UltraSound, monitores SVGA (800x600), e redes Ethernet.
    • Recursos: Ferramentas como SCANDISK, DEFRAG, compressão de disco (DoubleSpace/DriveSpace), suporte a redes avançado, e MSBACKUP.
    • Casamento com o hardware: O FAT16 otimizado suportava partições de 2GB, e a compressão de disco dobrava a capacidade efetiva, crucial quando HDs de 1GB custavam US$ 1.000 (US$ 2.231,39 em 2025). O suporte a SVGA e placas de som permitiu jogos como Wolfenstein 3D (1992) e Star Wars: X-Wing (1993) com gráficos e áudio imersivos. O MS-DOS 6.22, lançado em 1994, corrigiu bugs do DoubleSpace, tornando-se a versão mais estável e icônica.


O Papel do MS-DOS no Windows 95

O Windows 95, lançado em agosto de 1995, revolucionou a computação com sua interface gráfica (revolucionou mais ou menos, né? Porque o Xerox Alto e o Apple Lisa já tinham interface gráfica há mais de 10 anos...), mas dependia profundamente do MS-DOS 7.0 como base. Aqui está como essa relação funcionava:

  • Inicialização: O Windows 95 usava o MS-DOS 7.0 para carregar drivers essenciais (HIMEM.SYS, EMM386) e o kernel gráfico. O arquivo IO.SYS gerenciava o boot, e o COMMAND.COM oferecia o prompt de comando.
  • Compatibilidade: Programas MS-DOS rodavam em máquinas virtuais (VMs) dentro do Windows, garantindo compatibilidade com jogos (Doom) e softwares legados (Lotus 1-2-3). O “Modo MS-DOS” permitia reiniciar sem a interface gráfica para programas que exigiam acesso direto ao hardware.
  • Sistema de arquivos: O Windows 95 usava o FAT16 do MS-DOS, com suporte ao FAT32 a partir do OSR2 (1996), permitindo partições de até 2TB.
  • Gerenciamento de memória: O MS-DOS 7.0 otimizava os 640KB convencionais, liberando espaço para programas DOS executados em janelas. O Windows 95 também introduziu o modo protegido de 32 bits para novos aplicativos, mas mantinha o modo real de 16 bits para compatibilidade com MS-DOS.

Essa dependência garantiu uma transição suave, mas trouxe instabilidade: travamentos eram comuns devido à base de 16 bits. O Windows NT (1993), que não usava MS-DOS, era mais estável, mas menos popular por falta de compatibilidade com jogos DOS. O MS-DOS permaneceu até o Windows 98 SE (MS-DOS 7.1), sendo eliminado no Windows Me (2000).

Vamos falar mais do Windows 95 em um post futuro, sobre a instalação dele no Proxmox.

Outros Sabores de DOS: Um Mergulho Profundo

Além do MS-DOS, várias variantes do DOS surgiram, cada uma com nichos específicos e inovações. Vamos explorar em detalhes:

  1. DR-DOS (Digital Research, 1988):

    • História: Desenvolvido por Gary Kildall como sucessor do CP/M, o DR-DOS competiu diretamente com o MS-DOS. Após a Digital Research perder o contrato com a IBM, o DR-DOS foi lançado para PCs compatíveis. Comprado pela Novell em 1991 e pela Caldera em 1996, foi usado em disputas legais contra a Microsoft por práticas anticompetitivas.
    • Recursos: Suporte a partições de 2GB (FAT16), gerenciamento de memória eficiente (usava apenas 36KB dos 640KB convencionais), multitarefa básica, e interface gráfica (ViewMAX). Incluía comandos avançados como XCOPY otimizado e DISKMAP.
    • Vantagens: Mais eficiente que o MS-DOS em memória, permitindo rodar programas como WordPerfect em máquinas com 512KB. Suportava redes locais e era mais barato (US$ 99 por licença em 1990, ou US$ 231,67 em 2025). O DR-DOS 6.0 (1991) rivalizava com o MS-DOS 5.0, com ferramentas como SuperStor para compressão de disco.
    • Desvantagens: Menor compatibilidade com softwares otimizados para MS-DOS (ex.: Wing Commander tinha problemas). A Microsoft usou táticas como mensagens de erro falsas no Windows 3.1 para desencorajar o uso do DR-DOS, levando a ações judiciais.
    • Contexto: O DR-DOS perdeu mercado com o domínio do Windows, mas foi usado em sistemas embarcados até os anos 2000.
  2. ROM-DOS (Datalight, 1989):

    • História: Criado pela Datalight para sistemas embarcados (ex.: caixas eletrônicos, PDAs, máquinas industriais), o ROM-DOS era armazenado em chips ROM, eliminando a necessidade de discos.
    • Recursos: Compacto (cabia em 64KB), suportava FAT12/FAT16, e incluía comandos básicos (DIR, COPY). Otimizado para hardware com 128KB de RAM e sem HD.
    • Vantagens: Leve e confiável, ideal para dispositivos críticos como monitores médicos. Usado no HP 200LX (US$ 549 em 1994, ou US$ 1.224,94 em 2025).
    • Desvantagens: Sem suporte a jogos ou softwares complexos, e falta de ferramentas gráficas. Não era voltado para PCs pessoais.
    • Contexto: Continua em uso em 2025 em sistemas embarcados, mas irrelevante para retrocomputação.
  3. PTS-DOS (PhysTechSoft, 1993):

    • História: Copiado Desenvolvido na Rússia durante a Guerra Fria, o PTS-DOS era uma alternativa acessível ao MS-DOS em mercados do leste europeu, onde softwares ocidentais eram caros ou restritos.
    • Recursos: Compatibilidade com MS-DOS, suporte a cirílico, ferramentas de diagnóstico (ex.: CHECKDISK), e FAT16 para partições de 2GB.
    • Vantagens: Suporte nativo a idiomas eslavos, preço baixo (cerca de US$ 50 em 1993, ou US$ 111,57 em 2025), e distribuição local em PCs russos como o Iskra.
    • Desvantagens: Pouca adoção global, documentação limitada em inglês, e suporte inferior a softwares populares.
    • Contexto: Usado em escolas e empresas russas, foi superado pelo Windows 95 e FreeDOS.
  4. FreeDOS (1994–presente):

    • História: Iniciado por Jim Hall em 1994 como uma resposta open-source ao abandono do MS-DOS pela Microsoft, o FreeDOS é mantido por uma comunidade ativa.
    • Recursos: Suporte a FAT12/FAT16/FAT32, USB, redes modernas, e ferramentas como FDISK, EDIT, DEBUG. Inclui um gerenciador de pacotes e drivers atualizados.
    • Vantagens: Gratuito, compatível com hardware moderno (ex.: SSDs, CPUs de 64 bits), e roda a maioria dos programas MS-DOS. Usado por fabricantes como Dell para ferramentas de diagnóstico. A versão 1.3 (2022) trouxe suporte a Wi-Fi.
    • Desvantagens: Configurações manuais para jogos antigos podem ser necessárias, e ferramentas como SCANDISK são menos polidas que as do MS-DOS 6.22.
    • Contexto: Popular entre entusiastas de retrocomputação e em sistemas embarcados, o FreeDOS é a escolha moderna para rodar MS-DOS em 2025.

Comparação com MS-DOS 6.22: O MS-DOS 6.22 era otimizado para PCs dos anos 90, com ferramentas robustas e ampla compatibilidade. O DR-DOS era superior em memória, mas menos compatível. ROM-DOS e PTS-DOS eram nichados, enquanto o FreeDOS brilha hoje por sua flexibilidade e suporte moderno, mas não tem o charme “original” do MS-DOS 6.22.

DOSBox: O Guardião da Nostalgia

Com PCs modernos (64 bits, Windows XP em diante), rodar programas MS-DOS tornou-se difícil devido à falta de suporte ao modo real e velocidades de CPU incompatíveis. O DOSBox, lançado em 2002, emula um ambiente MS-DOS em sistemas modernos (Windows, Linux, macOS).

Como o DOSBox Funciona?

  • Escrito em C++, emula um PC 386/486 com gráficos CGA/VGA, som Sound Blaster, e modems virtuais.
  • Ajusta a velocidade da CPU (via “cycles”) para jogos como Wolfenstein 3D rodarem corretamente.
  • Configuração simples: MOUNT C ~/dosgames cria um disco virtual, e comandos como DIR funcionam como no MS-DOS.
  • Baixe o DOSBox aqui e teste-o!

MS-DOS 6.22 vs. DOSBox

  • MS-DOS 6.22:
    • Prós: Experiência autêntica, com configuração manual de AUTOEXEC.BAT e CONFIG.SYS. Seria o ideal para VMs como Proxmox caso houvesse suporte a disquetes (tem como contornar isso e é o que faremos a seguir). Suporta todos os programas e comandos da época.
    • Contras: Requer VM ou hardware antigo. Não suporta nativamente NTFS ou USB.
  • DOSBox:
    • Prós: Fácil de instalar, roda sem VM, e é otimizado para jogos (Doom, Monkey Island). Oferece save states e ajustes gráficos [31].
    • Contras: Não é um sistema operacional completo. Programas complexos (ex.: compiladores) podem falhar, e a experiência é menos “crua”.

Quando usar? MS-DOS 6.22 em uma VM para autenticidade; DOSBox para jogos rápidos sem configuração complexa.

Instalando o MS-DOS no Proxmox: Revivendo a Nostalgia

Agora que exploramos a saga do MS-DOS, vamos trazê-lo de volta à vida em 2025 com o Proxmox.

Como eu disse em um post passado (aqui), o Proxmox não tem suporte para "disquetes", quero dizer, suporte para arquivos de imagem tipo .img que são imagens de disquetes. Assim, não é possível instlar usando este tipo de arquivo. Ele tem suporte a CD/DVD, então aceita .iso (.img é um formato de arquivo de imagem de disco que pode representar vários tipos de mídia, inclusive disquetes, HDs, CD/DVDs; o .iso é um formato de imagem de disco óptico). Até achei este post no GitHub (e tem o vídeo del no YouTube), onde ele tem um arquivo .iso do MS-DOS 6.22 e termina instalando o Windows 3.11, mas meu objetivo é instalar tudo.

Então resolvi ousar: catei uns disquetes que tinha aqui em casa e ainda funcionavam, peguei um drive de disquete USB que tenho aqui, gravei os 4 discos do DOS nesses disquetes, coloquei o drive no USB do computador do Proxmox e pedi pra VM usar essa USB e... nada! Até imaginei que nao daria certo mesmo porque o DOS não tinha suporte a USB. Enfim, valeu a tentativa.

O que resolvi fazer? Duas coisas diferentes!

Primeira versão: achei esta imagem no Internet Archive que tem o DOS 6.22 com drivers para CD-ROM e mouse, ótima opção para rodar jogos de DOS! Foi só subir a iso pro Proxmox, criar a VM e correr pro abraço! A VM pra DOS e versões iniciais do Windows pode ser bem modesta. Teoricamente 100MB de HD é mais do que a gente tinha na época (acho que tamanho médio de 100MB foi aparecer no final dos anos 1980, 01GB no meio da década de 90, uns 10-15GB no final dos anos 1990, 01TB no final dos anos 2000 e a média atual deve ser de uns 2 a 4 TB). CPU de 1 core com 1 núcleo e 128MB eram coisa do futuro...

Segunda versão: instalei o MS-DOS 6.22 baixado no WinWorld (aqui) no VirtualBox, igualzinho eu tinha feito em 2023 (aqui). Para acrescentar algo diferente para esta instalação, resolvi instalar o "Supplemental Disk". Além de alguns drivers, trazia o DOS Shell, uma ferramenta da Microsoft para competir (e perder de longe) para o Norton Commander, o XTree e o DOS Navigator. Essas eram opções "gráficas" para os gerenciadores de arquivos da época. Para instalar os suplementos, basta para o drive a: e digitar: < setup c:\dos> (supondo que o DOS esteja instalado em c:\dos). Veja aqui mais detalhes, caso tenha alguma dúvida.

Se quiser aproveitar para configurar e otimizar seus arquivos "autoexec.bat" e "config.sys", veja aqui e aqui como!

Deixei 100MB para esta VM. Não que eu vá usar todo este espaço, mas esta VM será a base para todas as instalações até o Windows 95. Assim, vou deixar um pouco mais de espaço apenas por isso.

Agora, com a VM pronta e o disco virtual como sistema instalado, vamos passar para o Proxmox, conforme comentado neste post aqui!

O comando para retirar o disco da VM do VirtualBox e prepará-lo para o Proxmox é este abaixo:

# VBoxManage clonehd --format RAW "pasted\full\path\to.vdi" "pasted\full\path\to.raw"
Meu comando foi esse aqui:



 E aí foi gerado o arquivo "MS-DOS 6.22 VB.raw".

Criando uma VM no Proxmox

Bom, crie a sua VM normalmente com as características iguais à da VM que você criou no VirtualBox (memória, etc) para gerar o HD virtual.

Em "SO" escolha "Não usar qualquer mídia" e escolha o sistema operacional como "Outro". Em Discos, escolha qualquer um e dê um tamanho pequeno, de poucos MB (afinal, não iremos adicionar nada nesse HD e ele será apagado e substituído pelo que criamos). Finalize a VM mas não execute ainda.

Na VM recém criada, vá em Hardware, selecione o Disco Rígido e aperte "Desanexar". Selecione agora o "Disco não usado" e exclua-o clicando em "Remover".

Agora precisamos do Filezilla (ou equivalente) para copiar o HD em .raw para o Proxmox. Pode colocar em qualquer pasta que quiser (eu coloquei em var/lib). Depois de arrumar tudo, é só apagar.


Uma vez copiado (e localizado) o arquivo .raw, precisamos importar o arquivo para o Proxmox utilizando o comando "qm importdisk". Isso é feito no shell do Proxmox. A sintaxe é assim:
# qm importdisk 106 MSDOS.raw VM --format qcow2
Se o seu disco de VM no Proxmox chamasse "Disco_Arquivo" e VM no Proxmox tive o número 171, seu comando seria: 
# qm importdisk 171 MSDOS.raw Disco_Arquivo --format qcow2
Você não precisa saber onde estão armazenadas as imagens. Basta saber o nome do disco (no meu caso é "VM-Disk" e o comando resolve tudo pra você. No final apareceu o arquivo "vm-103-disk-0", que é o arquivo que importamos.

Lá na sua VM no Proxmox vai agora apareceu um disco indicado como "Disco não usado 1". É esse disco "vm-103-disk-0.raw" que importamos.

Interessante que o Proxmox importou tudo, mas em RAW, não em QCOW2... Disse que não é suportado. Mas como importou o disco, vamos em frente!

Já estamos quase finalizando. Agora volte ao Proxmox, na sua VM e vá em Hardware e clique duas vezes no disco não utilizado e escolha "Adicionar". Agora vá em Opções e arraste o disco para o primeiro lugar na ordem do boot.

Pronto! Seu disco criado em .vdi no VirtualBox, foi convertido em .raw, enviado ao Proxmox usando o Filezilla, importado para a VM do Proxmox e a VM está funcionante!

Só usar agora!

Aí vem o segundo problema: o Proxmox não suporta som no "noVNC" mas suporta no "SPICE". Pra mim, o melhor é o Remote Desktop da Microsoft, mas o MS-DOS não tem suporte para ele (só em 1988, com o Windows NT 4.0, isso surgiu...). Bom, antes de continuar, melhor explicar o que é isso para vocês entenderem o tamanho do buraco do coelho...

noVNC (veja mais aqui e aqui), SPICE (veja aqui e aqui) e RDP (ou Remote Desktop Protocol, veja mais aqui) são tecnologias usadas para acesso remoto a desktops virtuais, mas com abordagens e finalidades distintas. Aqui está uma explicação resumida sobre os dois protocolos:

- noVNC: É uma ferramenta de código aberto que permite acessar máquinas virtuais ou desktops remotos diretamente de um navegador web, usando o protocolo VNC (Virtual Network Computing). Funciona via HTML5 e WebSocket, sem necessidade de instalar software adicional. É leve, ideal para acesso rápido em diferentes dispositivos, mas pode ter limitações em desempenho para aplicações gráficas pesadas; o Proxmox não possui suporte de áudio para o noVNC, ou seja, jogos sem música!

- SPICE (Simple Protocol for Independent Computing Environments): É um protocolo desenvolvido para oferecer acesso remoto a máquinas virtuais com foco em desempenho e experiência multimídia. Suporta gráficos 3D, áudio bidirecional, vídeo em alta qualidade e dispositivos USB redirecionados. É mais robusto que o noVNC, mas geralmente requer um cliente dedicado (como o Virt-Viewer) e é mais usado em ambientes de virtualização como KVM/QEMU.

- Microsoft Remote Desktop: Usa o protocolo RDP (Remote Desktop Protocol) para conectar-se a computadores Windows remotamente. Oferece uma experiência fluida com suporte a multimídia, redirecionamento de dispositivos e alta segurança. Requer um cliente (como o Microsoft Remote Desktop) ou suporte nativo no sistema operacional, sendo amplamente usado em ambientes corporativos Windows.

Então passei a ter mais um problema: como acessar remotamente a VM do MS-DOS com áudio e gráficos rápidos para pode jogar, por exemplo?

Nas versões anteriores da série Nostalgia, eu usei o VMWare (em 2019) e o VirtualBox (em 2023). Esses hipervisors permitem acesso remotamente pelo RDP, não que a VM suporte, mas o hipervisor suporta! E isso eu descobri apenas quando, depois de ter instalado o MS-DOS no Proxmox, fui pensar em como acessar remotamente.

Como expliquei acima, o noVNC e o RDP não são opções, sobrando apenas o SPICE.

Mas, meu caro, vai tentar instalar o SPICE no Mac (ou em qualquer SO, imagino). Confesso que depois de 2 dias tentando instalar, corrigindo dependências, aprendendo comandos do XQuartz e X11, eu arreguei e desisti. Como os jogos no MS-DOS e Windows até o 95 vão ser bem ocasionais, preferi instalar o DOS-Box X (veja aqui). Resolvi simplificar minha vida!

Lembrete para a continuação da série: como já sei que o Windows 1.04 não instala a partir do DOS 6.22, só a partir do DOS 5.0, já vou aproveitar e instalar aqui deste mesmo modo.

Conclusão: O Legado Eterno do DOS

O MS-DOS foi mais que um sistema operacional; foi o alicerce da revolução dos PCs, moldando como interagimos com tecnologia. Sua evolução acompanhou os saltos de hardware, desde disquetes de 160KB até discos rígidos de 1GB, e sua simplicidade abriu portas para programadores e jogadores. Como base do Windows 95, garantiu uma transição suave para a era gráfica, enquanto variantes como FreeDOS e o DOSBox mantêm sua chama acesa.

Por hoje é isso, pessoal!

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