Mostrando postagens com marcador DOS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DOS. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Nostalgia 2025 - Instalando o MS-DOS no Proxmox!

 Pessoal,


Em 2018 comecei a primeira versão da série "Nostalgia", quando instalei o MS-DOS no VMWare (veja aqui o post). Em 2023, veio a segunda versão da série (aqui), quando usei o VirtualBox para criar as VM.

Na época, e ainda hoje, um problema sério era a falta de suporte para arquivos .img. no Proxmox (na verdade falta de suporte a imagens de disquete). Isso complica tudo!

Só que achei algo interessante: uma imagem .iso do MS-DOS 6.22! Acho que desta vez vai dar certo colocar tudo no Promox!

Mas antes de ligar a máquina virtual, vamos mergulhar fundo na história do Disk Operating System (DOS): como ele surgiu, por que dominou os anos 80 e 90, como evoluiu junto com o hardware, e como serviu de alicerce para o Windows 95. Vamos comparar o MS-DOS com seus predecessores (CP/M, Apple DOS, TRSDOS) e rivais (DR-DOS, ROM-DOS, PTS-DOS, FreeDOS), além de explorar o papel do DOSBox na preservação dessa era. No final, vou instalar o MS-DOS no Proxmox de duas formas diferentes. Prepare-se para um texto cheio de detalhes históricos, técnicos e memórias dos disquetes de 5.25 polegadas e do prompt C:\>!

Antes do DOS: O Caos da Computação Pessoal

Nos anos 1970, a computação pessoal era tudo mato um terreno selvagem, onde entusiastas e empresas lutavam para transformar microcomputadores em ferramentas acessíveis. Não havia um padrão universal: cada fabricante criava seu próprio sistema operacional, incompatível com os outros, resultando em um mercado fragmentado. Para entender o impacto do MS-DOS, precisamos conhecer os principais sistemas da época: CP/M, Apple DOS, TRSDOS, e outros.

CP/M: O Pioneiro dos 8 Bits

Lançado em 1974 por Gary Kildall, da Digital Research, o CP/M (Control Program for Microcomputers) foi o primeiro sistema operacional amplamente adotado para microcomputadores, rodando em processadores Intel 8080 e Zilog Z80. Sua arquitetura modular era composta por:

  • BIOS (Basic Input/Output System): Interface com o hardware (ex.: teclado, disquetes).
  • BDOS (Basic Disk Operating System): Gerenciava arquivos e discos.
  • CCP (Console Command Processor): Interpretava comandos do usuário, como DIR (listar arquivos) e PIP (copiar arquivos).
Olá, eu sou o CP/M-86!

Por que era poderoso? O CP/M era robusto para a época, suportando disquetes de 8 polegadas (capacidade de 90 a 243KB) e até 64KB de RAM, suficientes para rodar programas como WordStar (editor de texto), dBase (banco de dados) e SuperCalc (planilhas). Ele foi adotado por máquinas como o IMSAI 8080, Osborne 1 e Kaypro II, tornando-se o padrão para negócios e desenvolvedores.

Por que era flexível? Sua modularidade permitia adaptar o CP/M a diferentes hardwares com mudanças mínimas no BIOS, sendo fácil portá-lo entre máquinas de vários fabricantes. Isso era um avanço em relação a sistemas proprietários, que exigiam reescrita completa para cada hardware.

Limitações: O CP/M estava preso à arquitetura 8-bits, limitando-o a 64KB de RAM e sem suporte a discos rígidos. Seu sistema de arquivos (FAT8) era ineficiente para grandes capacidades, e a Digital Research cobrava royalties altos (cerca de US$ 240 por licença em 1980, ou US$ 858,24 em 2025, ajustado pelo CPI). Além disso, a falta de suporte gráfico e sonoro limitava seu apelo para jogos domésticos.

É até difícil achar alguma coisa sobre o FAT8. Veja essa discussão aqui, para terem uma ideia. Antes do MS-DOS, o FAT8 gerenciava disquetes de 64KB com apenas 8 bits por entrada, um feito de engenhosidade em Assembly!

Só para não esquecer: o computador queridinho deste blog (o MSX 😍), tinha sua própria versão de DOS (o MSX-DOS), feita entre a ASCII Corporation e a Microsoft, era derivado e compatível com o CP/M-80. Mas aqui, ao contrário do CP/M, usava-se FAT12 (MSX-DOS 1) e, posteriormente suporte a FAT13 (MSX-DOS 2)

Até sairam versões 16-bits para o CP/M (a versão CP/M-86), mas acordos entre a Microsoft e IBM (para que esta distribuísse o MS-DOS) e o alto custo do CP/M, resultaram na progressiva queda de significância do CP/M.

Apple DOS: O Favorito das Casas e Escolas


Lançado em 1978 para o Apple II, o Apple DOS foi projetado por Steve Wozniak e Randy Wigginton para atender usuários domésticos e educacionais [8]. Ele rodava no processador MOS 6502 (8 bits, 1 MHz) e usava disquetes de 5.25 polegadas (140KB).

Por que era poderoso? O Apple DOS aproveitava os recursos gráficos e sonoros do Apple II, que oferecia 16 cores e som mono, permitindo jogos como Choplifter e Lode Runner. Comandos como CATALOG (equivalente a DIR) e LOAD eram intuitivos, e o sistema era otimizado para o hardware do Apple II, garantindo desempenho estável. Essa é uma característica da Apple até os dias de hoje: hardware bom (mas não o melhor) rodando um SO incrivelmente otimizado para o hardware, tornando a experiência do utilizador a melhor possível!

Por que era flexível? Sua integração com o BASIC do Apple II permitia aos usuários criar programas simples, e o sistema era incluído gratuitamente (lembrem-se que não existe almoço grátis!!) com o Apple II, tornando-o acessível (o Apple II custava cerca de US$ 1.298 em 1978, ou US$ 6.050,13 em 2025). Ele suportava disquetes de 140KB, suficientes para a maioria dos aplicativos domésticos.

Limitações: O Apple DOS era exclusivo para máquinas Apple, com um sistema de arquivos proprietário que dificultava a troca de dados com outras plataformas. Não suportava discos rígidos até o ProDOS (1983), e sua dependência do hardware Apple limitava sua adoção em comparação com o CP/M.

TRSDOS e Outros Sistemas


O TRSDOS (Tandy Radio Shack Disk Operating System), lançado em 1978 para o TRS-80, era outro concorrente, projetado para o processador Z80 do TRS-80 Model I. Ele era simples, com comandos como DIR e COPY, mas voltado para o hardware da Tandy, com disquetes de 90KB. Sua principal vantagem era o preço acessível do TRS-80 (US$ 599 em 1978, ou US$ 2.794,05 em 2025), mas sua inflexibilidade (sistema proprietário, sem portabilidade) o restringia ao nicho da Radio Shack.

Outros sistemas incluíam o Commodore BASIC (para o PET, 1977) e o Atari DOS (para o Atari 400/800, 1979), cada um preso ao hardware do fabricante, com sistemas de arquivos incompatíveis e suporte limitado a softwares. Essa fragmentação criava um pesadelo para desenvolvedores, que precisavam reescrever programas para cada plataforma, preparando o terreno para o MS-DOS.

Como o DOS Surgiu: A Revolução da Microsoft

No final dos anos 1970, a IBM, líder em mainframes, decidiu entrar no mercado de computadores pessoais com o IBM PC 5150, planejado para lançamento em agosto de 1981.


A empresa precisava de um sistema operacional simples, confiável e compatível com o processador Intel 8088, um chip de 16 bits com barramento externo de 8 bits, capaz de endereçar até 1MB de RAM. A IBM inicialmente abordou a Digital Research, criadora do CP/M, para fornecer o sistema operacional. As negociações falharam por motivos variados: a Digital Research exigia royalties altos (cerca de US$ 240 por licença, ou US$ 858,24 em 2025), e Gary Kildall, seu fundador, hesitou em assinar o contrato de não divulgação da IBM. Há rumores de que Kildall estava voando em seu avião particular durante a visita da IBM, mas documentos publicados em dois livros (aqui e aqui) sugerem que a decisão foi mais financeira e estratégica.

Enquanto isso, a Microsoft, uma empresa pequena conhecida por vender interpretadores BASIC, viu uma oportunidade histórica. Em 1980, a Seattle Computer Products (SCP) havia desenvolvido o 86-DOS (ou QDOS, “Quick and Dirty Operating System”), um sistema inspirado no CP/M, mas projetado para processadores Intel 8086/8088. Criado por Tim Paterson, o 86-DOS emulava comandos do CP/M (como DIR e PIP) para facilitar a transição de desenvolvedores, mas aproveitava a arquitetura de 16 bits do 8088, suportando até 1MB de RAM e disquetes de 160KB [13]. A Microsoft, liderada por Bill Gates e Paul Allen, comprou os direitos do 86-DOS por US$ 50.000 em julho de 1981 (equivalente a US$ 175.907,04 em 2025, ajustado pelo CPI) sem informar à SCP que o sistema seria usado no IBM PC.

A Microsoft refinou o 86-DOS, renomeando-o como MS-DOS, e licenciou-o para a IBM como PC-DOS. Quando o IBM PC foi lançado em 1981, o PC-DOS 1.0 (idêntico ao MS-DOS 1.0) era o sistema operacional principal, vendido por US$ 40 (US$ 140,72 em 2025). A genialidade da Microsoft foi reter o direito de vender o MS-DOS para outros fabricantes, permitindo que clones do IBM PC (como Compaq, Dell e HP) adotassem o sistema, criando um padrão universal. O MS-DOS era voltado para empresas (para planilhas e bancos de dados), desenvolvedores (para criar softwares) e entusiastas (para jogos e programação). Sua simplicidade – um sistema de linha de comando que cabia em um disquete de 160KB – e a associação com a IBM tornaram-no um sucesso instantâneo.

Vantagens do MS-DOS Sobre os Predecessores

O MS-DOS superou o CP/M, Apple DOS e TRSDOS por várias razões, explicando sua maior flexibilidade e poder:

  • Flexibilidade:
    • Arquitetura de 16 bits: O MS-DOS usava o Intel 8088, que endereçava 1MB de RAM, contra os 64KB do CP/M (Z80) e Apple DOS (6502). Isso permitia rodar programas mais complexos, como Lotus 1-2-3, que exigia até 192KB.
    • Sistema de arquivos FAT12: Mais versátil que o FAT8 do CP/M, o FAT12 suportava disquetes de 160 a 360KB e, posteriormente, discos rígidos, enquanto o Apple DOS usava um sistema proprietário incompatível com outras plataformas (leia mais sobre sobre FAT e Sistemas de Arquivo).
    • Licenciamento acessível: A Microsoft licenciava o MS-DOS por cerca de US$ 2 a US$ 10 por cópia (US$ 7,04 a US$ 35,18 em 2025) para fabricantes de clones, contra os US$ 240 do CP/M. Isso tornou o MS-DOS o padrão em PCs baratos.
  • Poder:
    • Ecossistema de software: O sucesso do IBM PC atraiu desenvolvedores, que criaram programas como WordPerfect, dBase II e jogos como Flight Simulator. Em 1983, havia mais de 1.000 programas para MS-DOS, contra cerca de 500 para CP/M.
    • Suporte a hardware variado: O MS-DOS rodava em qualquer IBM PC ou clone, enquanto o Apple DOS era restrito ao Apple II, e o TRSDOS ao TRS-80. Isso ampliou seu alcance em empresas e lares.
    • Acesso direto ao hardware: Desenvolvedores podiam acessar diretamente a memória e os gráficos, permitindo jogos como King’s Quest (1984), algo que o CP/M não suportava bem devido à falta de gráficos avançados.
  • Credibilidade da IBM: A reputação da IBM, uma gigante confiável, deu ao MS-DOS uma vantagem sobre o CP/M (de uma empresa menor) e o Apple DOS (visto como “caseiro”).

A Evolução do MS-DOS: Um Casamento Perfeito com o Hardware

O MS-DOS evoluiu de 1981 a 1994, acompanhando os avanços em processadores, memória, armazenamento e periféricos. Cada versão foi projetada para aproveitar novos recursos, mantendo compatibilidade com softwares e hardware antigos. Vamos detalhar as versões principais e sua sincronia com o hardware:

  1. MS-DOS 1.0 (1981):

    • Hardware: IBM PC 5150 com Intel 8088 (4.77 MHz), 16-64KB de RAM, disquetes de 5.25 polegadas (160KB, face simples), monitores CGA (4 cores) ou monocromáticos.
    • Recursos: Suporte a disquetes de 160KB, comandos básicos (DIR, COPY, DEL, FORMAT), e sistema de arquivos FAT12. Sem suporte a discos rígidos ou diretórios.
    • Casamento com o hardware: O MS-DOS 1.0 era minimalista, ocupando menos de 12KB de RAM, ideal para os 16-64KB do IBM PC. O Intel 8088, com barramento de 8 bits, era perfeito para disquetes pequenos, e o suporte a CGA permitia gráficos rudimentares, como em Microsoft Adventure. A ausência de discos rígidos refletia o mercado de 1981, onde eles eram raros e caros (um HD de 5MB custava US$ 3.000, ou US$ 10.554,42 em 2025).

  1. MS-DOS 2.0 (1983):

    • Hardware: IBM PC/XT com Intel 8088 (4.77 MHz), até 256KB de RAM, disquetes de 360KB (face dupla), discos rígidos de 10MB, e placas de vídeo Hercules (monocromáticas de alta resolução).
    • Recursos: Suporte a discos rígidos (até 10MB), hierarquia de diretórios (MKDIR, RMDIR, PATH), e comandos inspirados no Unix, como TREE.
    • Casamento com o hardware: A chegada dos discos rígidos no PC/XT exigiu um FAT12 mais robusto, que suportava até 10MB. A hierarquia de diretórios facilitou a organização em HDs, e o aumento de RAM permitiu programas como Lotus 1-2-3 (192KB), que se tornou o aplicativo mais vendido de 1983. O suporte a Hercules permitiu gráficos monocromáticos de alta resolução, usados em softwares CAD.
  2. MS-DOS 3.0–3.3 (1984–1987):

    • Hardware: IBM PC/AT com Intel 80286 (6-8 MHz), até 1MB de RAM, disquetes de 1.2MB (alta densidade), discos rígidos de 20-40MB, placas EGA (16 cores), e primeiros mouses.
    • Recursos: Suporte a disquetes de 1.2MB, partições de até 32MB, internacionalização (teclados e idiomas), e comandos como FDISK aprimorado e SHARE (para redes).
    • Casamento com o hardware: O 80286 introduziu o modo protegido, mas o MS-DOS permaneceu em modo real (16 bits) para compatibilidade. O aumento de RAM e HDs exigiu melhorias no FAT12, e o suporte a EGA permitiu jogos como King’s Quest (1984) com gráficos coloridos. O MS-DOS 3.3, lançado em 1987, tornou-se o padrão para PCs corporativos, suportando os primeiros drivers de mouse e redes locais.
  3. MS-DOS 4.0–4.01 (1988):

    • Hardware: PCs com Intel 80386 (16-33 MHz), memória expandida/extendida (até 16MB), discos rígidos de 100MB+, placas VGA (256 cores), e primeiros drives de CD-ROM.
    • Recursos: Suporte a partições de até 2GB (FAT16), interface gráfica básica (MS-DOS Shell), e gerenciador de memória EMM386.
    • Casamento com o hardware: O 80386 trouxe memória extendida (acima de 1MB), e o MS-DOS 4.0 introduziu ferramentas para acessá-la, essenciais para programas como AutoCAD. O suporte a VGA permitiu jogos como Prince of Persia (1989) com gráficos detalhados. O MS-DOS 4.0 teve bugs (especialmente no gerenciamento de memória), levando ao rápido lançamento do 4.01.
  4. MS-DOS 5.0 (1991):

    • Hardware: PCs 386/486 com 4-16MB de RAM, discos rígidos de 200MB+, drives de CD-ROM, placas de som Sound Blaster, e monitores VGA/SVGA.
    • Recursos: Editor de texto EDIT, gerenciador de memória HIMEM.SYS, suporte a drivers de CD-ROM e mouse, e comando UNDELETE.
    • Casamento com o hardware: O aumento de RAM e a popularidade dos 486 exigiram melhor gerenciamento de memória. O HIMEM.SYS acessava memória extendida, enquanto o EMM386 liberava os 640KB convencionais para jogos como Doom (1993). O suporte a CD-ROMs refletiu a adoção de mídias ópticas (um CD de 650MB custava US$ 10, ou US$ 22,31 em 2025).
  5. MS-DOS 6.0–6.22 (1993–1994):

    • Hardware: PCs 486/Pentium (33-100 MHz), 8-32MB de RAM, discos rígidos de 500MB-1GB, placas de som Gravis UltraSound, monitores SVGA (800x600), e redes Ethernet.
    • Recursos: Ferramentas como SCANDISK, DEFRAG, compressão de disco (DoubleSpace/DriveSpace), suporte a redes avançado, e MSBACKUP.
    • Casamento com o hardware: O FAT16 otimizado suportava partições de 2GB, e a compressão de disco dobrava a capacidade efetiva, crucial quando HDs de 1GB custavam US$ 1.000 (US$ 2.231,39 em 2025). O suporte a SVGA e placas de som permitiu jogos como Wolfenstein 3D (1992) e Star Wars: X-Wing (1993) com gráficos e áudio imersivos. O MS-DOS 6.22, lançado em 1994, corrigiu bugs do DoubleSpace, tornando-se a versão mais estável e icônica.


O Papel do MS-DOS no Windows 95

O Windows 95, lançado em agosto de 1995, revolucionou a computação com sua interface gráfica (revolucionou mais ou menos, né? Porque o Xerox Alto e o Apple Lisa já tinham interface gráfica há mais de 10 anos...), mas dependia profundamente do MS-DOS 7.0 como base. Aqui está como essa relação funcionava:

  • Inicialização: O Windows 95 usava o MS-DOS 7.0 para carregar drivers essenciais (HIMEM.SYS, EMM386) e o kernel gráfico. O arquivo IO.SYS gerenciava o boot, e o COMMAND.COM oferecia o prompt de comando.
  • Compatibilidade: Programas MS-DOS rodavam em máquinas virtuais (VMs) dentro do Windows, garantindo compatibilidade com jogos (Doom) e softwares legados (Lotus 1-2-3). O “Modo MS-DOS” permitia reiniciar sem a interface gráfica para programas que exigiam acesso direto ao hardware.
  • Sistema de arquivos: O Windows 95 usava o FAT16 do MS-DOS, com suporte ao FAT32 a partir do OSR2 (1996), permitindo partições de até 2TB.
  • Gerenciamento de memória: O MS-DOS 7.0 otimizava os 640KB convencionais, liberando espaço para programas DOS executados em janelas. O Windows 95 também introduziu o modo protegido de 32 bits para novos aplicativos, mas mantinha o modo real de 16 bits para compatibilidade com MS-DOS.

Essa dependência garantiu uma transição suave, mas trouxe instabilidade: travamentos eram comuns devido à base de 16 bits. O Windows NT (1993), que não usava MS-DOS, era mais estável, mas menos popular por falta de compatibilidade com jogos DOS. O MS-DOS permaneceu até o Windows 98 SE (MS-DOS 7.1), sendo eliminado no Windows Me (2000).

Vamos falar mais do Windows 95 em um post futuro, sobre a instalação dele no Proxmox.

Outros Sabores de DOS: Um Mergulho Profundo

Além do MS-DOS, várias variantes do DOS surgiram, cada uma com nichos específicos e inovações. Vamos explorar em detalhes:

  1. DR-DOS (Digital Research, 1988):

    • História: Desenvolvido por Gary Kildall como sucessor do CP/M, o DR-DOS competiu diretamente com o MS-DOS. Após a Digital Research perder o contrato com a IBM, o DR-DOS foi lançado para PCs compatíveis. Comprado pela Novell em 1991 e pela Caldera em 1996, foi usado em disputas legais contra a Microsoft por práticas anticompetitivas.
    • Recursos: Suporte a partições de 2GB (FAT16), gerenciamento de memória eficiente (usava apenas 36KB dos 640KB convencionais), multitarefa básica, e interface gráfica (ViewMAX). Incluía comandos avançados como XCOPY otimizado e DISKMAP.
    • Vantagens: Mais eficiente que o MS-DOS em memória, permitindo rodar programas como WordPerfect em máquinas com 512KB. Suportava redes locais e era mais barato (US$ 99 por licença em 1990, ou US$ 231,67 em 2025). O DR-DOS 6.0 (1991) rivalizava com o MS-DOS 5.0, com ferramentas como SuperStor para compressão de disco.
    • Desvantagens: Menor compatibilidade com softwares otimizados para MS-DOS (ex.: Wing Commander tinha problemas). A Microsoft usou táticas como mensagens de erro falsas no Windows 3.1 para desencorajar o uso do DR-DOS, levando a ações judiciais.
    • Contexto: O DR-DOS perdeu mercado com o domínio do Windows, mas foi usado em sistemas embarcados até os anos 2000.
  2. ROM-DOS (Datalight, 1989):

    • História: Criado pela Datalight para sistemas embarcados (ex.: caixas eletrônicos, PDAs, máquinas industriais), o ROM-DOS era armazenado em chips ROM, eliminando a necessidade de discos.
    • Recursos: Compacto (cabia em 64KB), suportava FAT12/FAT16, e incluía comandos básicos (DIR, COPY). Otimizado para hardware com 128KB de RAM e sem HD.
    • Vantagens: Leve e confiável, ideal para dispositivos críticos como monitores médicos. Usado no HP 200LX (US$ 549 em 1994, ou US$ 1.224,94 em 2025).
    • Desvantagens: Sem suporte a jogos ou softwares complexos, e falta de ferramentas gráficas. Não era voltado para PCs pessoais.
    • Contexto: Continua em uso em 2025 em sistemas embarcados, mas irrelevante para retrocomputação.
  3. PTS-DOS (PhysTechSoft, 1993):

    • História: Copiado Desenvolvido na Rússia durante a Guerra Fria, o PTS-DOS era uma alternativa acessível ao MS-DOS em mercados do leste europeu, onde softwares ocidentais eram caros ou restritos.
    • Recursos: Compatibilidade com MS-DOS, suporte a cirílico, ferramentas de diagnóstico (ex.: CHECKDISK), e FAT16 para partições de 2GB.
    • Vantagens: Suporte nativo a idiomas eslavos, preço baixo (cerca de US$ 50 em 1993, ou US$ 111,57 em 2025), e distribuição local em PCs russos como o Iskra.
    • Desvantagens: Pouca adoção global, documentação limitada em inglês, e suporte inferior a softwares populares.
    • Contexto: Usado em escolas e empresas russas, foi superado pelo Windows 95 e FreeDOS.
  4. FreeDOS (1994–presente):

    • História: Iniciado por Jim Hall em 1994 como uma resposta open-source ao abandono do MS-DOS pela Microsoft, o FreeDOS é mantido por uma comunidade ativa.
    • Recursos: Suporte a FAT12/FAT16/FAT32, USB, redes modernas, e ferramentas como FDISK, EDIT, DEBUG. Inclui um gerenciador de pacotes e drivers atualizados.
    • Vantagens: Gratuito, compatível com hardware moderno (ex.: SSDs, CPUs de 64 bits), e roda a maioria dos programas MS-DOS. Usado por fabricantes como Dell para ferramentas de diagnóstico. A versão 1.3 (2022) trouxe suporte a Wi-Fi.
    • Desvantagens: Configurações manuais para jogos antigos podem ser necessárias, e ferramentas como SCANDISK são menos polidas que as do MS-DOS 6.22.
    • Contexto: Popular entre entusiastas de retrocomputação e em sistemas embarcados, o FreeDOS é a escolha moderna para rodar MS-DOS em 2025.

Comparação com MS-DOS 6.22: O MS-DOS 6.22 era otimizado para PCs dos anos 90, com ferramentas robustas e ampla compatibilidade. O DR-DOS era superior em memória, mas menos compatível. ROM-DOS e PTS-DOS eram nichados, enquanto o FreeDOS brilha hoje por sua flexibilidade e suporte moderno, mas não tem o charme “original” do MS-DOS 6.22.

DOSBox: O Guardião da Nostalgia

Com PCs modernos (64 bits, Windows XP em diante), rodar programas MS-DOS tornou-se difícil devido à falta de suporte ao modo real e velocidades de CPU incompatíveis. O DOSBox, lançado em 2002, emula um ambiente MS-DOS em sistemas modernos (Windows, Linux, macOS).

Como o DOSBox Funciona?

  • Escrito em C++, emula um PC 386/486 com gráficos CGA/VGA, som Sound Blaster, e modems virtuais.
  • Ajusta a velocidade da CPU (via “cycles”) para jogos como Wolfenstein 3D rodarem corretamente.
  • Configuração simples: MOUNT C ~/dosgames cria um disco virtual, e comandos como DIR funcionam como no MS-DOS.
  • Baixe o DOSBox aqui e teste-o!

MS-DOS 6.22 vs. DOSBox

  • MS-DOS 6.22:
    • Prós: Experiência autêntica, com configuração manual de AUTOEXEC.BAT e CONFIG.SYS. Seria o ideal para VMs como Proxmox caso houvesse suporte a disquetes (tem como contornar isso e é o que faremos a seguir). Suporta todos os programas e comandos da época.
    • Contras: Requer VM ou hardware antigo. Não suporta nativamente NTFS ou USB.
  • DOSBox:
    • Prós: Fácil de instalar, roda sem VM, e é otimizado para jogos (Doom, Monkey Island). Oferece save states e ajustes gráficos [31].
    • Contras: Não é um sistema operacional completo. Programas complexos (ex.: compiladores) podem falhar, e a experiência é menos “crua”.

Quando usar? MS-DOS 6.22 em uma VM para autenticidade; DOSBox para jogos rápidos sem configuração complexa.

Instalando o MS-DOS no Proxmox: Revivendo a Nostalgia

Agora que exploramos a saga do MS-DOS, vamos trazê-lo de volta à vida em 2025 com o Proxmox.

Como eu disse em um post passado (aqui), o Proxmox não tem suporte para "disquetes", quero dizer, suporte para arquivos de imagem tipo .img que são imagens de disquetes. Assim, não é possível instlar usando este tipo de arquivo. Ele tem suporte a CD/DVD, então aceita .iso (.img é um formato de arquivo de imagem de disco que pode representar vários tipos de mídia, inclusive disquetes, HDs, CD/DVDs; o .iso é um formato de imagem de disco óptico). Até achei este post no GitHub (e tem o vídeo del no YouTube), onde ele tem um arquivo .iso do MS-DOS 6.22 e termina instalando o Windows 3.11, mas meu objetivo é instalar tudo.

Então resolvi ousar: catei uns disquetes que tinha aqui em casa e ainda funcionavam, peguei um drive de disquete USB que tenho aqui, gravei os 4 discos do DOS nesses disquetes, coloquei o drive no USB do computador do Proxmox e pedi pra VM usar essa USB e... nada! Até imaginei que nao daria certo mesmo porque o DOS não tinha suporte a USB. Enfim, valeu a tentativa.

O que resolvi fazer? Duas coisas diferentes!

Primeira versão: achei esta imagem no Internet Archive que tem o DOS 6.22 com drivers para CD-ROM e mouse, ótima opção para rodar jogos de DOS! Foi só subir a iso pro Proxmox, criar a VM e correr pro abraço! A VM pra DOS e versões iniciais do Windows pode ser bem modesta. Teoricamente 100MB de HD é mais do que a gente tinha na época (acho que tamanho médio de 100MB foi aparecer no final dos anos 1980, 01GB no meio da década de 90, uns 10-15GB no final dos anos 1990, 01TB no final dos anos 2000 e a média atual deve ser de uns 2 a 4 TB). CPU de 1 core com 1 núcleo e 128MB eram coisa do futuro...

Segunda versão: instalei o MS-DOS 6.22 baixado no WinWorld (aqui) no VirtualBox, igualzinho eu tinha feito em 2023 (aqui). Para acrescentar algo diferente para esta instalação, resolvi instalar o "Supplemental Disk". Além de alguns drivers, trazia o DOS Shell, uma ferramenta da Microsoft para competir (e perder de longe) para o Norton Commander, o XTree e o DOS Navigator. Essas eram opções "gráficas" para os gerenciadores de arquivos da época. Para instalar os suplementos, basta para o drive a: e digitar: < setup c:\dos> (supondo que o DOS esteja instalado em c:\dos). Veja aqui mais detalhes, caso tenha alguma dúvida.

Se quiser aproveitar para configurar e otimizar seus arquivos "autoexec.bat" e "config.sys", veja aqui e aqui como!

Deixei 100MB para esta VM. Não que eu vá usar todo este espaço, mas esta VM será a base para todas as instalações até o Windows 95. Assim, vou deixar um pouco mais de espaço apenas por isso.

Agora, com a VM pronta e o disco virtual como sistema instalado, vamos passar para o Proxmox, conforme comentado neste post aqui!

O comando para retirar o disco da VM do VirtualBox e prepará-lo para o Proxmox é este abaixo:

# VBoxManage clonehd --format RAW "pasted\full\path\to.vdi" "pasted\full\path\to.raw"
Meu comando foi esse aqui:



 E aí foi gerado o arquivo "MS-DOS 6.22 VB.raw".

Criando uma VM no Proxmox

Bom, crie a sua VM normalmente com as características iguais à da VM que você criou no VirtualBox (memória, etc) para gerar o HD virtual.

Em "SO" escolha "Não usar qualquer mídia" e escolha o sistema operacional como "Outro". Em Discos, escolha qualquer um e dê um tamanho pequeno, de poucos MB (afinal, não iremos adicionar nada nesse HD e ele será apagado e substituído pelo que criamos). Finalize a VM mas não execute ainda.

Na VM recém criada, vá em Hardware, selecione o Disco Rígido e aperte "Desanexar". Selecione agora o "Disco não usado" e exclua-o clicando em "Remover".

Agora precisamos do Filezilla (ou equivalente) para copiar o HD em .raw para o Proxmox. Pode colocar em qualquer pasta que quiser (eu coloquei em var/lib). Depois de arrumar tudo, é só apagar.


Uma vez copiado (e localizado) o arquivo .raw, precisamos importar o arquivo para o Proxmox utilizando o comando "qm importdisk". Isso é feito no shell do Proxmox. A sintaxe é assim:
# qm importdisk 106 MSDOS.raw VM --format qcow2
Se o seu disco de VM no Proxmox chamasse "Disco_Arquivo" e VM no Proxmox tive o número 171, seu comando seria: 
# qm importdisk 171 MSDOS.raw Disco_Arquivo --format qcow2
Você não precisa saber onde estão armazenadas as imagens. Basta saber o nome do disco (no meu caso é "VM-Disk" e o comando resolve tudo pra você. No final apareceu o arquivo "vm-103-disk-0", que é o arquivo que importamos.

Lá na sua VM no Proxmox vai agora apareceu um disco indicado como "Disco não usado 1". É esse disco "vm-103-disk-0.raw" que importamos.

Interessante que o Proxmox importou tudo, mas em RAW, não em QCOW2... Disse que não é suportado. Mas como importou o disco, vamos em frente!

Já estamos quase finalizando. Agora volte ao Proxmox, na sua VM e vá em Hardware e clique duas vezes no disco não utilizado e escolha "Adicionar". Agora vá em Opções e arraste o disco para o primeiro lugar na ordem do boot.

Pronto! Seu disco criado em .vdi no VirtualBox, foi convertido em .raw, enviado ao Proxmox usando o Filezilla, importado para a VM do Proxmox e a VM está funcionante!

Só usar agora!

Aí vem o segundo problema: o Proxmox não suporta som no "noVNC" mas suporta no "SPICE". Pra mim, o melhor é o Remote Desktop da Microsoft, mas o MS-DOS não tem suporte para ele (só em 1988, com o Windows NT 4.0, isso surgiu...). Bom, antes de continuar, melhor explicar o que é isso para vocês entenderem o tamanho do buraco do coelho...

noVNC (veja mais aqui e aqui), SPICE (veja aqui e aqui) e RDP (ou Remote Desktop Protocol, veja mais aqui) são tecnologias usadas para acesso remoto a desktops virtuais, mas com abordagens e finalidades distintas. Aqui está uma explicação resumida sobre os dois protocolos:

- noVNC: É uma ferramenta de código aberto que permite acessar máquinas virtuais ou desktops remotos diretamente de um navegador web, usando o protocolo VNC (Virtual Network Computing). Funciona via HTML5 e WebSocket, sem necessidade de instalar software adicional. É leve, ideal para acesso rápido em diferentes dispositivos, mas pode ter limitações em desempenho para aplicações gráficas pesadas; o Proxmox não possui suporte de áudio para o noVNC, ou seja, jogos sem música!

- SPICE (Simple Protocol for Independent Computing Environments): É um protocolo desenvolvido para oferecer acesso remoto a máquinas virtuais com foco em desempenho e experiência multimídia. Suporta gráficos 3D, áudio bidirecional, vídeo em alta qualidade e dispositivos USB redirecionados. É mais robusto que o noVNC, mas geralmente requer um cliente dedicado (como o Virt-Viewer) e é mais usado em ambientes de virtualização como KVM/QEMU.

- Microsoft Remote Desktop: Usa o protocolo RDP (Remote Desktop Protocol) para conectar-se a computadores Windows remotamente. Oferece uma experiência fluida com suporte a multimídia, redirecionamento de dispositivos e alta segurança. Requer um cliente (como o Microsoft Remote Desktop) ou suporte nativo no sistema operacional, sendo amplamente usado em ambientes corporativos Windows.

Então passei a ter mais um problema: como acessar remotamente a VM do MS-DOS com áudio e gráficos rápidos para pode jogar, por exemplo?

Nas versões anteriores da série Nostalgia, eu usei o VMWare (em 2019) e o VirtualBox (em 2023). Esses hipervisors permitem acesso remotamente pelo RDP, não que a VM suporte, mas o hipervisor suporta! E isso eu descobri apenas quando, depois de ter instalado o MS-DOS no Proxmox, fui pensar em como acessar remotamente.

Como expliquei acima, o noVNC e o RDP não são opções, sobrando apenas o SPICE.

Mas, meu caro, vai tentar instalar o SPICE no Mac (ou em qualquer SO, imagino)... Confesso que depois de 2 dias tentando instalar, corrigindo dependências, aprendendo comandos do XQuartz e X11, eu arreguei e desisti. Como os jogos no MS-DOS e Windows até o 95 vão ser bem ocasionais, preferi instalar o DOS-Box X (veja aqui). Resolvi simplificar minha vida!

Lembrete para a continuação da série: como já sei que o Windows 1.04 não instala a partir do DOS 6.22, só a partir do DOS 5.0, já vou aproveitar e instalar aqui deste mesmo modo.

Conclusão: O Legado Eterno do DOS

O MS-DOS foi mais que um sistema operacional; foi o alicerce da revolução dos PCs, moldando como interagimos com tecnologia. Sua evolução acompanhou os saltos de hardware, desde disquetes de 160KB até discos rígidos de 1GB, e sua simplicidade abriu portas para programadores e jogadores. Como base do Windows 95, garantiu uma transição suave para a era gráfica, enquanto variantes como FreeDOS e o DOSBox mantêm sua chama acesa.

Por hoje é isso, pessoal!

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Como jogar jogos antigos em máquinas modernas? #NostalgiaFeelings

Pessoal,


A gente acaba lembrando de épocas mais antigas quando ainda éramos mais novos com um sentimento bom, lembrando só das coisas boas, esquecendo as coisas ruins. Faz parte da vida: a gente guarda o que aquece o coração!

Como sou mais antiguinho aqui na informática, já tive algumas experiências bem legais com jogos mais antigos quando eles ainda eram atuais :)

Taí um coisa que melhorou com o tempo: os jogos de computador. Não apenas melhoraram de aparência, quanto a retrocomputação permitiu desfrutar de jogos antigos em computadores novos sem a gente ter que usar trambolhos como os PCs de 1990!

Vamos falar de alguns programas legais para emular e jogar jogos antigos.


1 - DOSBox

Esse é bem antigo e é muito bom. Como o próprio nome diz, emula um ambiente para jogos e programas para MS-DOS. Segundo os criadores, emula 98% do processador 80286, 91% do 80386 e 95% do 80387, além de reproduzir bem os modos de vídeo (96% do VGA e TXT e 95% do CGA e EGA) e áudio (96% do ADLIB e 95% do PC-Speaker). Até rede mais básica é reproduzida no BOXDos. Roda bem em MacOS, Windows, Linux, OS/2 e outros.

O DOSBox inclusive emula uma pasta do computador como pasta "C:/" ou qualquer outra que você queira para fazer um "HD" virtual ou um drive virtual de CD. Assim, é possível usar uma pasta com HD, criar um HD virtual, montar uma pasta como unidade de disquete, etc. Dá até para montar um arquivo IMG ou ISO diretamente no DOSBox. São vários comandos para usar em linha de comando (veja o manual inteiro aqui) ou então dá para usar alguns launchers (ou frontends, como queira).

Como o DOSBox consome poucos recursos da máquina pois emula uma máquina bem mais antiga, é até possível usar o DOSBox dentro de uma VM!

Vamos lá! Feito o download na sua plataforma (downloads aqui), execute normalmente.


Repare que aparece como drive inicial o drive Z. Além disso são passados comandos básicos para ativar uma placa de som.

Para acessar o drive C, é necessario montá-lo primeiro. Isso vai variar para cada tipo de computador que você for instalar o DOSBox.

Para Windows, crie uma pasta no próprio Windows (por exemplo: C:/DOSGames) e dê os seguintes comandos no DOSBox:
Z:\>mount C C:\DOSGames
Z:\>C:
Pronto, agora você apontou a pasta "DOSGames" criada no Windows para o DOSBox e ele vai chamar esta pasta de drive C:. Tudo que você colocar nesta pasta "DOSGames" ficará disponível no drive virtual C: do DOSBox.

No MacOS, após arrastar o app DOSBox para os Aplicativos, basta criar uma pasta no seu usuário e aponta essa pasta do mesmo modo. Aqui em casa ficou assim:
Z:\>mount C /Users/castilho/DOSGames
Z:\>C:
E para o Linux é mais ou menos do mesmo jeito:
Z:\>mount C /home/castilho/DOSGames
Z:\>C:
Para montar uma unidade de CD-ROM, o comando é algo como (supondo que você criou uma subpasta CDROM dentro de DOSGames):
Z:\>mount D /Users/castilho/DOSGames/CDROM -t cdrom
Agora a pasta D: é um drive de CDROM virtual!

Ótimo, temos muitas coisas para configurar.

Podemos editar o arquivo "CONFIG.SYS", o primeiro que o DOS carrega, para alterar alguns parâmetros do DOS. Também odemos automatizar isso e criar um arquivo AUTOEXEC.BAT para abrirmos o DOSBox e isso já ser feito automaticamente. O DOSBox simula o AUTOEXEC.BAT usando um arquivo chamado "dosbox.conf". Para acessá-lo, também vai depender do seu sistema.

Para Windows, ele estará numa pasta oculta dentro a pasta "Users". O caminho é o seguinte:
C:\Users\jaymebc\AppData\Local\DOSBox\dosbox-0.74-3.conf
No MacOS estará em:
/Users/castilho/Library/Preferences/DOSBox 0.74-3-3 Preferences
No Linux deve ser em:
~/.dosbox/dosbox-0.74.3.conf
Agora é só abrir o arquivo e, lá no final, acrescentar os comandos para montar a pasta C e o CDROM em D.

Fica assim em Windows e em Mac:

("AUTOEXEC.COM" no Windows!)

("AUTOEXEC.COM" no MacOS!)

Muitas outras coisas podem ser "automatizadas": abrir como janela ou tela inteira, resolução, tipo de hardware gráfico para emular, tipo de CPU, etc...

Inclusive, pode incrementar o AUTOEXEC escondendo os comandos com o comando "@ECHO OFF", apagar a tela inicial com o comando "CLS", criar mensagens como o comando "ECHO" ou o que mais você quiser fazer para customizar o seu DOSBox.

Como as máquinas de hoje são muito, muito mais potentes que esses emulados pelo DOSBox, costuma ser perda de tempo (ou escovação de bit) fazer qualquer outra coisa além de simplesmente montar os diretórios e drives.

Tudo está muito bem documentado no Tutorial e no Manual do DOSBox.

Após isso, é só colocar seu jogo em uma pasta dentro da pasta que você criou, navegar dentro do DOSBox e pronto!

(Doom 1!)



Em poucas palavras: é o DOSBox otimizado! Muito otimizado! 

Esse emulador é um fork do DOSBox mas tem otimizações e suporte para rodar até o Windows 95 e Windows 98!

Você ainda pode fazer tudo que faz no DOSBox (montar drives na unha, etc), mas o DOXBox-X tem menus pra acelerar e simplificar tudo isso. Simplesmente entre no menu e faça isso.

(Simples assim!)

Eles tem um Wiki (aqui) que explica muita coisa, mas grosso modo é o DOSBox com esteróides! :) Achei tão mais fácil configurar e usar que acabei apagando o DOSBox original e deixando só esse fork.


3 - 86Box

Bom emulador também, mais amigável no sentido de ter um menu de configurações bem completo para você rodar uma máquina em específico se desejar, porém tem tanta opção que às vezes é até complexo demais para apenas brincar.

Na realidade, o 86Box é um emulador completo, tipo o PCem, que falarei a seguir, só que bem focado em 8088/8086. Então o 86Box é um emulador completo, tipo um QEMU, mas é diferente do VirtualBox ou VMWare, que são hypervisors do tipo 2.

Ao contrário do DOSBox, onde a gente apenas cria uma pasta e coloca os jogos e aplicativos, no 86Box é necessário ter uma imagem de HD.

Assim, a complexidade é bem maior. É necessário criar uma imagem de disco, instalar um SO (DOS ou até o Windows 95) para começar a usar. É preciso escolher o hardware: CPU, velocidade, memória, placas de vídeo, som e rede, colocar CD, HD, ZIP Drive, etc...


É fantástico, muito completo. Mas eu ainda prefiro, para ter tudo isso, o VMWare ou o VirtualBox.


4 - PCem

Criado em 2007, está na versão 17 e só tem para Windows e Linux. Emula 8086, 8088, 286, 386, 486, Pentium (I, Pro e II) e AMD K6-2 e K6-3, além de diversas placas de vídeo e som.

Do mesmo modo com o anterior, tem muita coisa pra configurar. É bem completo, muito capaz mas também tem instalação de SO para fazer.

Neste fórum aqui tem umas dicas para instalar o PCem. Procurando na internet e em fóruns do assunto, é possível encontrar as roms das máquinas do PCem. No GitHub encontrei esse arquivo com as roms para a versão 17 do PCem (versão atual).

Meu pensamento é o mesmo: se é para fazer muita coisa, prefiro um hypervisor. Se é só entrar e jogar, vou de DOSBox.



Felix Rieseberg, um programador americano, fez um fork de um projeto chamado v86 (um projeto de virtualização do x86 em JavaScript) e criou um programa para rodar o Windows 95 como um programa!

Muito bacana. Funciona muito bem. Só que... não consegui instalar programas lá... :(




É a mesma pegada do Windows 95.app e foi criado pelo mesmo autor. Só coloquei porque achei bonito. Mas não achei prático :(



7 - v86

Legal como os dois anteriores, só que roda em browser. Esse é o projeto de virtualização do x86 em JavaScript que originou os dois anteriores.

O bacana deste é que são dezenas de SO diferentes (FreeBSD, NodeOS, BeOS, Windows, MS-DOS, CP/M e mais um monte que eu nem tinha ouvido falar!). 

É possível escolher por plataformas (Linux, BSD, Windows, DOS, Unix), por interface para o usuário (gráfico ou texto), por status (atual ou antigo), por arquitetura (16 ou 32 bits) e até pela linguagem utilizada para o SO!

Outra coisa bacana aqui é que você pode fazer upload de imagens de CD e disquetes com seus programas para usar nos sistemas.

Funciona até legal, mas acho que é mais para matar curiosidade de quem nunca viu essas interfaces antigas.

(Algumas das opções do v86!)

(Windows 3.1 rodando em um navegador!)

Super legal, né?

O problema: não é seu e não está no seu computador. Se o desenvolvedor cansar, ele apaga tudo e pronto, lascou-se!


8 - Amiga

Criado pela Commodore em 1985, a família "Amiga" foi um grande sucesso nos EUA e Europa. Aqui no Brasil só chegava via muamba, graça a nossa linda, maravilhosa e salutar "Reserva de Mercado de Informática". Eu só vi um Amiga 500 em 1990...

Talvez por isso não seja um sistema que me atraia tanto. Enfim, existem 3 bons emuladores:

 - FS-UAE - Tem versões para Mac, Windows e Linux. Tem um launcher bem legal que facilita instalar tudo. Muito bom.

 - WinUAE - Apenas para Windows. Parece ser muito bom também, com um launcher bonito e funcional.

 - Amiga Forever - Esse é pago, porém inclui várias versões do SO do Amiga, jogos, programas, etc. Assim como os demais, também tem um launcher para carregar jogos e programas. É legal? É! Vale a pena pagar por isso? Acho que não!


9 - Atari

Talvez seja a plataforma com o emulador mais bem resolvido do mercado. O Stella, lançado em 1995, funciona muito bem.

Basta instalar o app e escolher a pasta onde estão os jogos. Aqui, no excelente "Atari Mania", você faz o download de praticamente todos os jogos disponíveis pro Atari 2600. Muito simples.


Meu resumão

Jogos antigos podem ser achados na internet facilmente. Um bom site é o DOS Games Archive e outro é o My Abandonware. Já o Replacement Docs contém manuais e mapas de jogos e softwares antigos. Vale conferir.

Para tirar dúvidas, achei um Fórum bem interessante: Vogons! Tem bons guias de instalação, bibliotecas de drivers, emulações de PC, Macs antigos e consoles, etc.

O Linus, do Linus Tech, fez um vídeo bem legal sobre esse assunto. Ele gostou bastante do PCem. Veja o vídeo aqui.

Para jogos de DOS, vá de DOSBox-X.

Para jogos de Windows, vá de emulador tradicional. Aqui no blog tem tutorial para instalar desde o DOS (veja aquiaqui) até o Windows 8 (veja aqui)!

Para jogos de Atari, vá de Stella.

Para jogos de Amiga, vá de FS-UAE.

Para MSX, aí a coisa complica :) Isso merece um post só pra MSX :))

Uma última dica: um site com vários emuladores de vários sistemas diferentes. Veja aqui!

Enfim, é isso pessoal!

Até o próximo post.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Nostalgia - Instalando o Windows 3.x em 2023!

Pessoal,


Hoje vamos falar sobre o Windows 3.x!

Eis as caixa do Windows 3.x:

(Windows 3.0)

(Windows 3.1)

(Windows for Workgroups)

No final dos anos 1980 a MS estava considerando acabar com o Windows e, junto com a IBM, desenvolver o OS/2 (que já instalamos aqui e será novamente instalado). A ideia era criar um sucessor do modo protegido do DOS. Assim, várias tecnologias de ambos esses sistemas são encontradas no Windows, Windows NT e OS/2.

Um grupo interno da MS começou a desenvolver um protótipo do Windows 3.0 e criou, também,  protótipos do que viriam a ser o Word, Excel e Powerpoint. Os executivos da MS teriam ficado tão impressionados que o tornaram um projeto oficial. Perto do lançamento, quando a IBM descobriu, a pareceria para desenvolvimento do OS/2 foi encerrada.

Essas primeiras versões do Windows geram alguma controvérsia. As primeiras versões, 1.x e 2.x deram origem à versão 3.x e 3.x for Workgroups. Daí evoluiram para o Windows 95, Windows 98 e Windows ME. Todas essas versões, como falaremos abaixo, rodavam um kernel híbrido de 16/32 bits sobre um versão do DOS (independente do Windows até o 3.11 e integrada ao Windows a partir do Windows 95).

Já o Windows NT 3.1, apesar de uma interface idêntica ao do Windows 3.1, era completamente diferente. Usava um kernel novo de 32 bits (baseado no seu primo OS/2) e era adequado para empresas e para redes. Evoluiu para o Windows NT 4.0 (com interface semelhante ao Windows 95) e Windows 2000.

As versões baseadas em DOS e versões NT se fundiram no Windows XP em 1999.

Neste post falaremos do Windows 3.0, 3.1, 3.11 e do Windows for Workgroups. A versão NT 3.x será abordada nesse post.


Windows 3.0

Assim, em 22/05/1990 a MS lançou oficialmente o Windows 3.0 a um custo de US$149 para licenças novas e US$50 para atualização das versões anteriores. A aceitação do mercado foi boa, em geral, catapultando a MS como primeira empresa produtora de software para microcomputadores a alcançar US$1B em vendas em um ano!

Várias features foram acrescentadas, como a nova interace gráfica (GUI) cujos aplicativos eram representados por ícones (enquanto no Windows 1.x e 2.x eram uma lista de nomes), otimização da multitarefa, suporte para CD-ROM, etc.

Do mesmo modo que as versões anteriores do Windows, esse também não é um sistema operacional propriamente dito, mas apenas uma interface para utilização do DOS. Apesar disso, o gerenciamento da memória era otimizado e, o limite de 640KB, foi removido. De uma certa forma, os modos 8086, 286 e 386 do Windows 2 foram combinados em um único pacote.

A primeira versão, a 3.0, rodava em 8086/8088 com 1MB de RAM (640KB de memória convencional e 384KB de memória extendida), mas a segunda versão, a 3.0 com suporte para multimídia já exigia um 80286 com 2MB de RAM.


Windows 3.1

Em 1992 foi lançado o Windows 3.1 (que deixa saudades até hoje!) com uma mudança importante: o modo real não era mais suportado, existindo apenas o modo protegido (o SO tem tabelas de endereços e ele apenas ele gerencia o acesso real à memória enquanto os aplicativos "acham" que estão acessando a memória real), sendo exigido um 80286 ou superior para rodar essa versão. Além disso, introduziu-se as fontes TrueType e houve integração total do suporte multimídia (que na segunda versão do Windows, a 3.0a, foi iniciado esse suporte). Nessa versão surgiu os atalhos para copiar, colar e recortar. Além disso, foi a primeira versão do Windows a ser distribuída em CD-ROM.

Com o Windows 3.1, surgiram dois modos possíveis de utilização: modo Standart e modo Enhanced.

modo Standart rodava Windows 3.1 em 80286 com 256KB de memória convencional livre e 192KB de XMS livre. Aqui você acessava a memória estendida, a UMA e a HMA mas não era criada memória virtual. Os programas DOS não podiam rodar em janelas, apenas em tela cheia.

Já o modo Enhanced precisava de 80386, 2MB ou mais de RAM (256KB de memória convencional e 1024KB de XMS). Era criada memória virtual que permitia programas DOS em janelas e e em multitarefa. Era meio que uma máquina virtual para rodar programas DOS nos 80386. Nesse modo, os 4GB máximos de RAM eram disponibilizados, mas na prática o limite era 256MB

O 80386 era forçado em modo Standart iniciando o Windows 3.1 com "WIN /S" e era forçado em modo Enhanced com "WIN /3" (veja mais aqui).

Essa versão foi muito bem recebi pelo público e pela imprensa especializada devido à estabilidade e à GUI otimizada. 


Windows 3.11

Essa versão, de 1993, trouxe basicamente melhorias para acessos a redes e otimizações do kernel.


Windows for Workgroups 3.1

Essa versão, de 1992, foi uma atualização do Windows 3.1 e a primeira versão do Windows com rede integrada. Permitia o compartilhamento de arquivos, criação e utilização de servidores de impressão. Além disso houve também a introdução do Microsoft Mail.

A partir dessa versão, era exigido um 386SX ou superior e pelo menos 3MB de RAM


Windows for Workgroups 3.11

Essa versão, de 1993, além de introduzir recursos de fax, introduziu também o acesso a arquivos de 32 bits e melhorias para acesso a redes. Funcionava apenas em modo avançado (Enhanced)

Estas versões (Windows 3.0, 3.1 e 3.11) oferecem um tutorial para o funcionamento do mouse. Apesar de ter sido criado em 1968 e ter sido incorporado ao Xerox 8010 (em 1982) e Apple Lisa (em 1983), só com o lançamento do Windows 3.0, em 1990, e de modo mais impactante, com o lançamento do Windows 3.1 em 1992, o mouse passou a fazer parte do dia a dia dos usuários e se a se tornar um dos periféricos mais utilizados (e junto com o teclado, como a principal forma de inserção de dados no sistema). Assim, em 1992, fazia todo o sentido um tutorial para ensinar a utilizar esse hardware. Existe também um tutorial para ensinar a usar o Windows (minimizar e maximizar as janelas, alterar seus tamanhos, abrir e fechar programas, etc). O ambiente gráfico era novidade para a maioria dos usuários e ensiná-los a utilizar esses recursos também fazia sentido.

Para a instalação dessa VM, usaremos o DOS 6.22 como base (veja aqui como instalar) e a versão Windows 3.11 for Workgroups.

Eram 8 disquetes de 3 1/2":









Nenhuma mágica para iniciar a instalação. Coloque o disco #1, mude o drive para "A:>", digite setup e vamos em frente.

Repare que é uma instalação mais "profissional"  :)


Vou de instalação customizada. Quero ver o que o Windows oferece de opções para instalação.






Após confirmar, começa a trocação de discos. Vou poupar vocês dessas partes e vou seguir em frente.



(Vou instalar tudo o que eu tenho direito!!)

O Windows agora tentará encontrar uma impressora. Optei por não instalar nenhuma (até porque a minha impressora é uma Samsung e as únicas listadas com "s" são impressoras da Seiko) e deixar ele descobrir a rede.



Aqui eu pedi pro Windows tentar detectar a placa de rede.


E, como esperado, ele não encontrou :(


Então temos duas decisões para tomar. Uma é optar por instalar a rede depois, uma vez que dificilmente teremos um hardware compatível com essa versão do Windows. Caso você não consiga instalar a placa de rede (e não vai conseguir), toda hora ele vai ficar avisando que tem erro antes de iniciar o Windows.

Outra decisão é deixar o Windows editar os arquivos "autoexec.bat" e "config.sys" sozinho. Nesse caso aqui, se quiser aprender um pouco sobre como configurar esses arquivos, você pode consultar esse post aqui onde instalamos o Windows 2.x ou ler esses dois blogs aqui e aqui.

No internet for me :( 


Aqui vou pedir para ver primeiro as alterações no arquivos de inicialização antes de autorizar.

No "autoexec.bat", apenas a primeira linha foi acrescentada, além do atalho para o diretório do Windows.


No "config.sys" também apenas algumas poucas alterações.



E agora informa que irá vasculhar o HD procurando aplicativos para configurá-los para funcionar no Windows:



Vou escolher tudo. Agora o Windows vai oferecer o tutorial para usar mouse e aprender a usar os comandos das janelas. Acho que vale a pena ver isso:



Esse aí é o tutorial, caso você curiosidade de saber como era.

Pronto! Tudo instalado e a gente reinicializa o PC.


Pronto! Com tudo instalado e PC reinicializado, bastar digitar "win" para iniciar o Windows:




Como eu disse lá em 2018, "por se tratar de máquina virtual, a configuração de impressora e rede é meio problemática, principalmente por ser um sistema de mais de 20 anos tentando se comunicar com um recente". E complemento: não temos os hardwares nem os drivers adequados para instalar esses dispositivos.

Pra mim, já tá ótimo!

É isso por agora!