sábado, 8 de agosto de 2020

Em busca do NAS doméstico (quase) gratuito! - Parte 2

Pessoal,

Na primeira parte dessa busca por um NAS doméstico que seja funcional e (quase) gratuito, falei do OpenMediaVault no Raspberry Pi. Funcionou, mas ainda faltou uma parte importante: utilizar aplicativos em smartphone e tablets para acessar externamente.

Agora vou tentar outra coisa "mais profissional". Assistindo alguns videos no canal Diolinux no Youtube, achei duas postagens muito interessantes: Ubuntu Server e NextCloud.

A ideia aqui é instalar um servidor (utilizarei o Ubuntu Server) e depois instalar o NextCloud.

Como o Ubuntu Server é muito leve, configurações menos robustas devem servir. Menos robustas é diferente de computador sucata, como descobri. Tentei utilizar um Dell Latitute D520 (esse da foto) com um Processador Intel Core Duo T2300 1.66GHz e 2GB de RAM. Não deu por ser 32 bits. 😭😭 Então tentei com um FNACBox que tá encostado aqui também. Ele tem um Intel Atom N270 e 2GB de RAM. Como vim a descobrir, também é 32 bits e não funcionou. 😭😭

(Irmão gêmeo do meu Dell D520)

Minha esposa tem um Dell mais novo, como Core i5. Espetei o pendrive do Ubuntu e deu sinais de funcionar bem. Ou seja, a questão é ser 64 bits ou não.

Pensei em comprar um computador usado, bem simples, para fazer esse servidor. Cheguei a olhar no Mercado Livre e OLX por algum equipamento simples, como um i3 ou i5, colocar uns 8 ou 16GB de RAM e um SSD de 128GB para o sistema (porque o armazenamento deverá ser em discos extras, não pode ser no disco do sistema). Como não precisarei de monitor, teclado e mouse, uma vez que o acesso será remoto, poderei enfiar isso em qualquer canto desde que chegue o cabo de rede e energia.

A minha dúvida é: funciona? é viável/utilizável? Sim, porque gastar mil e poucos reais num equipamento que não vai fazer o que eu quero, é desperdiçar dinheiro.

Pensei num NAS "profissional", mas aí, primeiro, fugiria ao escopo deste blog e deste projeto (ser gratuito ou o mais próximo disso) e, segundo, não teria graça!

Opções profissionais não faltam: QNAP TS-251+ ou TS-253be ou 253D me atendem. O Synology DS720+ também atende tudo. Existem algumas diferenças entre os dois, mas basicamente são a mesma coisa: o QNAP foca muito em hardware, o Synology em software. O SO do QNAP permite controle profundo de tudo, mas dizem ser difícil de configurar devido ao excesso de opções. O SO da Synology, ao contrário, dizem ser superacessível e bem user-friendly. Não sei, mas gostei mais da descrição do QNAP :)

O problema do QNAP e Synology é o preço: nos EUA, esses modelos custam entre 300 e 400 dólares. Aqui no Brasil na faixa de 5000 reais! CINCO MIL REAIS. E não tem disco! Os discos bons para servidores custam uns mil reais cada! Outro problema é que ambos tem a limitação de discos. Se tem duas baias, cabe dois discos. Até pode por expansão, mas existe uma limitação.

Basicamente, ambos permitem acesso de arquivos de fora da minha rede, instalação de software para edição de textos e tabelas online (ao estilo Google Docs), criação e acesso online a máquinas virtuais (por exemplo, posso rodar um aplicativo de Windows no servidor em uma máquina virtual e acessar de qualquer lugar do mundo esse aplicativo através de um browser), servidor de mídia e por aí vai. O MyCloud da Western Digital foi uma grande decepção para este fim de acessar os arquivos fora de casa - é lento, burocrático. Não me atendeu. Utilizo hoje em dia com um backup em rede.

Outra opção seria instalar o XPEnology. Nesse caso, o XPEnology utiliza um bootloader para acessar uma imagem do DSM (Disk Station Manager - SO da Synology) e permitir a instalação em um PC. Tentei tanto com o Dell quanto o FNACBox mas esbarrei no mesmo problema de antes.

Pensei em fazer uma máquina virtual e utilizar assim: uma VM rodando dentro do MacMini; esta VM rodaria o servidor Linux (Ubuntu Server com NextCloud ou XPEnology). Não sei porque, mas acho que não ficaria bom...

Assim, queria fazer um teste antes de arriscar comprar um computador para ficar dedicado. Decidi fazer o seguinte: usar meu MacBook White como teste. Obviamente não vou formatar a criança, mas vou fazer um "Boot Camp" nele. Boot Camp no caso entre aspas, porque isso é só para Windows. Para Linux, como não poderia deixar de ser, o buraco é um pouquinho mais embaixo.

O PPLWare, um excelente site de tecnologia português, do grupo SAPO, tem um bom tutorial sobre isso.

Basicamente é necessario desbloquear o SIP (System Integrity Protection) do Mac para permitir isso. Vamos instalar um bootloader para MacOS e Linux, o rEFInd. Depois de fazer o download, abra a pasta e arraste o arquivo "refind-install" para o Terminal do Mac (como não fotografei a minha tela neste momento, vou utilizar as fotos da PPLWare - as duas primeiras apenas):


Veja o alerta "SIP Enable". É precisamente isto que queremos desativar. Para tanto, reiniciei o Mac apertando Command+R para acessar o Utilitário do MacOS. Então abri o Terminal (dentro de Utilitários) e utilizei o comando "csrutil desable" (sem aspas, obviamente). Para reativar o SIP é só entrar novamente aqui e digitar "csrutil enable".

(Repare que o SIP foi desativado)

(Repare que reativei o SIP com "enable"e desativei com "desable")

Depois desse processo, reinicie o Mac e arrastei o  "refind-install" para o Terminal novamente. Agora deu tudo certo.



Agora é criar a partição onde o Ubuntu será instalado: vá em Aplicativos -> Utilitários -> Utilitário de Disco e selecione "Particionar".

Agora vamos clicar nesse "+" embaixo do círculo para criar o número de partições que desejamos. Criei apenas uma
Repare que a partição a ser criada deverá ser "MS-DOS (FAT)". O próprio sistema determinou o tamanho máximo que eu poderia alocar para esta partição - 52GB. Clique em "Aplicar".


Daqui pra frente vou fazer a instação do Ubuntu Server e NextCloud. Para instalar o XPEnology é a mesma coisa até aqui. Como teste, criarei mais uma partição para instalá-lo, mas isso vai ser um novo post (parte 3).

Alguns minutos depois deu o aviso de "ok"! Pronto. Agora temos duas coisas para fazer: download do Ubuntu Server e gravar a imagem em um pendrive (usei o balenaEtcher) para isso.

Após instalar o rEFInd, testei a reinicialização do Mac. Apareceu assim:


Escolhi a opção "Boot from Macintosh HD" e entrou normal. Não gostei de ser sempre assim. Prefiro a escolha do Boot Camp, onde você clica em Option na hora de iniciar e escolhe a partição que quiser iniciar e ela será sempre a opção de escolha até que você clique em Option novamente e escolha outra partição. Mas tem a possibilidade de bloquear o SIP novamente, então vamos em frente.

Agora vamos à hora da verdade: instalar o Ubuntu no MacBook. Quando reiniciar a máquina, vai aparecer a imagem do rEFInd mas vai mostrar um pinguim. Clique nesse pinguim para começar.


Momento nerd: o nome desse pinguim é Tux e ele é o mascote do Linux Kernel, apesar que esse do rEFInd parece mais o Penta do Antarctic Adventure da Konami:

(Tux)
 
(Penta - Antarctic Adventure ou Penguin Adventure - Konami)

Voltamos à nossa programação normal. Após clicar no pinguim da imagem, apareceu isso e escolhi a primeira opção.


A partir daqui tive um pouco de dificuldade. Segui basicamente o que o Diolinux falou no vídeo no YT, pra ir lendo mas seria tudo só dar ok.

Como eu estou fazendo em um SSD dual boot, tive que escolher umas das partições disponíveis (escolhi a opção 3 - 48GB). Tive que mudar a formatação para ext4 e montar em [/ ].


No final pediu para reiniciar: mandei reiniciar, tirei o pendrive e mandei ficha.

Apareceu isso aqui:

Vejam que apareceu o símbolo do Ubuntu. Cliquei nele e começou a carregar o servidor. Demorou uns minutos, mas foi.

Outra coisa importante de dizer: antes de tudo isso, coloquei um cabo de rede no Macbook White (sim, ele tem entrada Ethernet) e vi qual endereço IP o roteador separou para ele e reservei esse endereço (veja aqui como).

Para tudo ficar funcionando, instalei o "net-tools":

        sudo apt-get install net-tools

De rotina, verifico se tem atualização com:

        sudo apt update

E atualizo com:

        sudo apt dist-upgrade

Para acessar remotamente o servidor, instale o servidor SSH. Eu já havia solicitado a instalação durante a instalação do Ubuntu, mas se você não fez, faça agora com:

        sudo apt install openssh-server

 Inicie o SSH com:

        sudo service ssh start

A partir daí, fiz tudo pelo MacMini entrando no Terminal e acessando através de:

        ssh <nome_que_você_escolheu>@<ip_que_você_reservou>

Confime digitando "yes" e a senha. Pronto.

A minha ideia era simplesmente instalar o NextCloud. Mas aí descobri a opção de instalar o OnlyOffice com o NextCloud. Eles tem isso preparado no GitHub. Então instale o Git e depois o docker do OnlyOffice:

        sudo apt install git

        sudo apt install docker docker-compose

E baixe os arquivos do OnlyOffice com NextCloud do Docker:

        git clone https://github.com/ONLYOFFICE/docker-onlyoffice-nextcloud

Para fazer tudo funcionar com o Docker, entre agora como root (super usuário) e execute o comando:

        sudo su (para entrar como root)

        docker-compose up -d

(execute esse comando no diretório que você baixou docker-onlyoffice-nextcloud)

A essa altura,  o NextCloud já está rodando. Para testar, vá em um navegador e digite o IP do servidor. Deve aparecer isso aqui:

E voilà! NextCloud funcionado!

Ele está rodando no MacBook White e estou acessando ele pelo MacMini. E existe aplicativo do NextCloud para iOS e Android! Eita que se tiver Virtual Machine para essa bagaço o XPEnology vai subir no telhado!

Após a configuração inicial do NextCloud, é necessário habilitar o OnlyOffice. No Terminal do servidor, digite:

        bash set_configuration.sh

Bom galera, é isso.

Vou tentar absorver um pouco disso tudo e vejo o que mais dá para fazer ou se vou pro XPEnology. Conto o resultado aqui.

Valeu.

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