sábado, 28 de novembro de 2020

Corrida e melhora da saúde

Pessoal,

Sempre fui do tipo mais gordinho. E fazia bem aquele estilo nerd: óculos, bom aluno, mais gordinho, péssimo em qualquer esporte.

O período de faculdade e residência, principalmente a segunda residência (em Anestesiologia), foram bem difíceis. Muito plantão, comia muita porcaria, preocupação zero com a saúde.

Terminei a residência em 2006, com 30 anos. Estava casado há 2 anos, trabalhando muito, dormindo pouco, fumando como se não houvesse amanhã, comendo tudo o que não deveria e não poderia.

Fui fazer um exame admissional para um serviço em 2007 e veio a surpresa: FC de repouso 100. PA de repouso 140x90. Os exames, ah os exames... Glicemia e colesterol, tudo alterado. Peso: 105kg! IMC: 34,68!!

Foi um choque. Mesmo.

Resolvi começar a fazer alguma atividade, alguma que eu gostasse. Comecei a fazer uma caminhada para tentar correr, entrei na academia, comecei a fazer natação. Descobri que gostava mesmo era de correr.

Comecei correndo na Av. Bandeirantes, no Mangabeiras, em BH. É onde eu sabia que tinha uma pista de cooper mais perto da minha casa. Ia lá 2x/semana mais sábado de noite ou domingo de manhã, a depender dos plantões.

A pista tem 1500m. Eu caminhava 6km (ida e volta, duas vezes). Demorou uns 3 meses para eu conseguir fazer isso sem morrer e começar a dar uns trotes. Demorou mais 3 meses para eu conseguir o primeiro objetivo: correr de uma ponta a outra, 1500m, sem parar para caminhar. Um mês depois cumpri o segundo objetivo, correr de uma ponta a outra e voltar (3k), sem caminhar. Mais um mês e eu fiz os 6k (ida e volta, duas vezes), sem caminhar.

Na academia, entrei em uma aula de Running Class. É tipo Spinning, só que correndo na esteira. Conseguia ir duas vezes na semana.

Além disso, fechei a boca e parei de fumar. Saladinha, coisas integrais, comida regrada, tchau cerveja. Em 2 meses, perdi 10kg. Em 6 meses, perdi outros 15kg!

No final de 2007, resolvi arriscar: a equipe da academia ira participar da Volta da Pampulha, a prova de corrida de rua mais tradicional daqui de BH. 18km. Pensei: vamos lá passar vergonha, chance zero de terminar.

E eis que completei. Aos trancos e barrancos, em 2:10h, mas consegui. Em 2009 foi a Meia Maratona do Rio. Em 2010 a Meia da Linha Verde. Sempre fazendo treinos 2 a 3 vezes na semana mais um longão no domingo de manhã.

Corrida passou a ser a minha válvula de escape. Estresse? Corrida. Dormi mal? Corrida. Plantão no meio da semana? Corrida mais longa no fim de semana.

Com isso perdi 30kg no total, ganhei muito mais disposição e consegui fratura de estresse nas duas tíbias simultaneamente! Consegui também uma bursite no quadril, fascite plantar, dores diversas... coisas que muitos corredores conhecem :)

Depois da recuperação teve uma meia em Amsterdam (2014) e Maratona do Rio (2015).

O plano era correr a Maratona de NY esse ano, final de novembro. Só que veio o COVID. E as academias fecharam. E o povo ficou louco na rua (moto já não respeitava nada, agora sobre em calçada, têm aquelas mobiletes FDP com uns malacos mais doidos que os motoqueiros, o povo de carro resolveu dirigir igual moto). Ou seja, correr na rua ficou mais perigoso, principalmente de noite.

Aí convenci minha esposa a deixar eu comprar uma esteira! E comprei. E esse é o assunto deste post!

Pois bem. Quem corre na rua sabe que correr na esteira é uma merda! Principalmente treinos longos. É muito entediante.

No começo do ano, fizemos uma pequena reforma aqui em casa. O quarto que seria do bebê (que não veio e não vai vir mais) virou quarto de TV. Tá com uma TV de 55". Ligado nela tem uma Apple TV e agora o BTV.

Fiz as contas, medi tudo várias vezes e fui procurar uma esteira boa e acessível (sério, vi esteira de 96 mil reais!!!! Sem condições!). Acabei pegando uma da Kikos (KS4202i). Escolhi esse modelo devido ao preço (claro), ao tamanho (coube certinho no espaço), ela é dobrável, tem inclinação eletrônica e atinge uma velocidade bem acima (20km/h) da que eu faço tanto em treino leves (10-11km/h) quanto em treinos puxados (13-14km/h). Ou seja, é robusta para o que eu preciso. Além disso a marca é nacional e tem manutenção aqui em BH.

Para o tempo passar, o plano inicia era assistir videos de virtual running no Youtube. Tem milhões lá, no mundo todo. Colocar uma música no Spotify e pronto.

Aí fiquei conhecendo o Zwift. E programa foi criado inicialmente para ciclistas: é uma mistura de jogo com rede social. Tem um cenário fictício (às vezes aparecem mapas de cidades reais também) onde você se conecta, vê outros que estão perto de você e vai lá e faz seu treino. Com um bom ventilador na frente, a gente nem percebe que está online. É pago para ciclistas (US$15/m) mas é free para running.

Instalei o Zwift na TV, coloquei a esteira na frente da tela e pronto.

Não, pronto não. Para correr no Zwift, você precisa de passar para o programa a sua velocidade. Os ciclistas usam rolos conectados por BT, às vezes com medidor de potência e tudo mais.

Mas para corredores, a gente tem que usar um podômetro (footpod), aqueles que se colocam no tênis. Tem um acelerômetro lá dentro e quando você calibra, ele conta o número de passos e multiplica pelo tamanho da passada, assim dá a distância percorrida. Essa distância, em um determinado tempo, dá a velocidade.

Comprei o original da Zwift no Mercado Livre. Chegou rapidinho, uns 300 reais.









Ótimo! Ótimo? Não!!! A Apple TV não achava esse negócio de jeito nenhum. Mexi nas configurações de segurança para autorizar a achar BT, liguei e desliguei e nada. E ele aparecia no telefone, no computador, na TV...

Mas reparei que aparecia um dispositivo na ATV (e nos outros equipamentos também) que eu não sabia o que era. FS alguma coisa. Cliquei para ver o que era. Era a... ESTEIRA!

Sim, a esteira (esse modelo KS4202i, pelo menos), tem BT. Ou seja, quando eu coloco velocidade nela, ela passa pro Zwift. Cara, resolveu meu problema!

A primeira coisa a fazer foi comprar um tapete de EVA. Protege o chão e ajuda a abafar o som da passada. Os vizinhos de baixo ainda não reclamaram (mas também não corro em horas inapropriadas).

(Coloquei onde estão os apoios da esteira)

(Tem mais ou menos 1cm de espessura)

Comprei no Leroy Merlin. Etapa resolvida.

A esteira fica levantada quando não estou correndo.


Tá bem de frente para a TV. Tem um ventilador para dar uma refrescada. No rack embaixo da TV tem a Apple TV e a BTV. Vou comprar uma caixa de som BT para tocar uma música também.

Quando vou correr, fica assim:



Não se engane pela foto. A passadeira dela tem 135x48cm. Poderia ser maior? Claro que sim, mas eu posso garantir que é bem suficiente. A que tinha passadeira maior, era 150x52, R$ 4.000 mais cara e não caberia no lugar.

Usando o Zwift fica assim:





Além disso o Zwift conecta com o Strava e com o Garmin Connect (e mais um monte de serviços) e cria o treino que você acabou de fazer. Ótimo.

Resolvi meus problemas. Agora é treinar mais e mais, perder mais uns quilinhos e preparar para a Maratona de NY de 2021. Porque a de 2020 não teve.

É isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário